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Anjo Bom | Capítulo 16


Web Novela de Everton B Dutra


“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.


01 EXT. MANSÃO DELLAFRANCO-DIA.

Barulho de sapato quicando no chão, subindo os degraus da escada até chegar na porta. A campainha toca.

A porta é aberta, Juliano que abre, sorridente.

JULIANO— Pois não?

CAM no rosto de uma mulher ruiva. Ela tira os óculos e sorri, estendendo a mão. Revela Laís, disfarçada.

LAÍS — Prazer, Simone.

Eu sou a babá que vocês procuram.

Juliano sorri, depois sente um calafrio lhe percorrer o corpo.

02 INT. MANSÃO DE MEL, QUARTO — DIA.

Encontram-se Laís, Ricardo e Verônica.

VERÔNICA — Como assim, Laís?!

LAÍS — Mamãe! É uma oportunidade única!

VERÔNICA — Você vai roubar um bebê, uma criança! Você tem consciência disso?

LAÍS — Tá agindo como se eu fosse matar a criança, mãe! Eu só vou dar uma família a essa criatura. É algo divino. E torna-se mais divino ainda quando há muito dinheiro envolvida.

VERÔNICA — Isso se chama tráfico, Laís. É crime!

LAÍS — Isso se chama sobrevivência! Você pode querer ser humilhada todo dia por essa cretina da Mel, mas eu não! Eu não nasci pra ser pobre, não nasci pra fazer faxina! E se vender um bebê ou milhões deles para conseguir conforto e luxo é ser má… Então eu sou.

VERÔNICA (assustada)— Essa criança já tem família, Laís.

LAÍS (sorri/chocada) — Dois homens, mamãe! Eu vou fazer um bem, isso sim! Imagina só… Esse bebê precisa de um pai e uma mãe. Um equilíbrio. É assim que sempre funcionou.

RICARDO — Eu tô dentro! Tudo pra sair desse país mequetrefe com essa gente mista, feia e mal vestida. Eu nunca fui daqui. Sempre quis ir para um país de primeiro mundo. A gente tem essa chance agora.

LAÍS — Isso! Temos, meu amor! Vamos voar daqui e ser feliz pelo resto das nossas vidas!

O celular de Laís toca. Ela atende.

LAÍS — Alô?

Ela sorri e deixa a voz mais doce.

LAÍS — Ah, que bom. Nossa, será um prazer cuidar dessa criança. Sabe que desde cedo eu sentia que levava jeito? Seu Juliano… Tenho certeza que não vai se arrepender.

Desliga. Laís comemora com Ricardo. Verônica a olha com indiferença e vergonha.

03 INT. MANSÃO DELLAFRANCO — DIA.

Juliano acaba de desligar o celular. Miguel o abraça por trás e beija seu pescoço.

MIGUEL — E aí?

JULIANO — Contratei a nova babá… Mas não sei. Tem alguma coisa que está me incomodando.

MIGUEL — Seu medo é que essa nova babá derrube nosso filho na piscina de novo. Fica tranquilo… Acho que um raio não cai no mesmo lugar duas vezes.

Juliano vira-se e fica de frente para Miguel.

JULIANO — Ouviu o que você disse?

MIGUEL — O quê?

JULIANO — Você disse “nosso filho“.

MIGUEL — Ué, mas ele está registrado no NOSSO nome, você e ele tem o NOSSO “DELLAFRANCO” nas certidões, então eu creio que “NOSSO” é uma palavra que combina com a gente. Acho que formamos um belo “nosso”.

JULIANO — É… Eu tenho certeza que sim.

Juliano e Miguel se beijam. Toni começa a chorar.

JULIANO — Acho que o nosso “nosso” está nos chamando.

Juliano caminha. Miguel ri, depois fica sério e pensativo, saindo do quarto logo em seguida.



04 INT. EMPRESA DELLAFRANCO, GARAGEM — NOITE.

Ava vem andando atrapalhada, cheia de pastas. Procura a chave do seu fusca verde.

AVA — Merda

Um bandido salta de repente, apontando a arma para seu rosto.

BANDIDO — Bora, Tia. Bora, Tia. Passa tudo!

AVA(desesperada) — Ai, meu Deus! Calma! Eu vou… Eu vou passar tudo. Calma!

MOISÉS — Ei!

Moisés surge de repente e dá um soco no bandido. Movimento. Os dois começam a brigar no chão. Ava grita e pula em cima do bandido, mordendo sua clavícula. Ele grita e a derruba no chão.

O bandido parte pra cima dela, mas ela o chuta com seu scarpin no peito. Ele cambaleia para trás.

Moisés o vira e lhe dá outro soco. O bandido, já tonto. Ava retira atrapalhada seu salto, sai mancando e dá com ele na cabeça do sujeito, que desmaia, inconsciente no chão.

AVA — Ai, meu Deus. Matei ele! Matei! E o meu salto quebrou. Meu salto caro!

Moisés checa sua pulsação.

MOISÉS — Isso aqui tá mais vivo que nunca.

AVA — O que a gente faz agora?

MOISÉS — Deixa ele aí! Se for esperto, quando acordar, ele vai meter o pé daqui rapidinho. Bandido amador. É mole?

Ava o olha fixamente. Suspira. Corre, se joga nos seus braços e o beija ardentemente.

SONOPLASTIA: Girls OnFire — Alicia Keys.

Ela o solta. Olha-o mais uma vez e sai em direção ao seu carro. Moisés fica sem entender.

05 INT. MANSÃO DE MEL, SALA — NOITE.

Laís e Ricardo riem. Mel chega e estranha.

MEL — Vem cá! Vocês não estão sendo pagos para ficarem rindo, não.

LAÍS — Acontece, querida irmã, que a gente não precisa disso aqui! Dessa porcaria do teu dinheiro.

MEL — Ah, não? E o que vocês vão fazer pra sobreviver?

RICARDO — Não te interessa.

LAÍS — Vamos ser ricos. Simples.

MEL — Boa sorte, porque eu sei que vocês vão voltar.

LAÍS — Tchau, sua imunda. Até nunca mais.

Laís ri e sai com Ricardo, batendo a porta.

MEL — Não vão durar muito tempo. Eu só preciso descobrir o que eles estão planejando.

Mel pensa.

06 INT. CONSULTÓRIO — NOITE.

Miguel se encontra deitado no divã, enquanto a PSICÓLOGA, ao lado, o escuta.

PEREGRINA — Se está tudo bem na sua vida agora, então o que anda te incomodando?

MIGUEL — É isso que me incomoda!O estar tudo bem incomoda.Eu estou experimentado isso pela primeira vez em muito tempo.

PEREGRINA —— E qual o problema nisso? Você não acha que devia viver esse momento da melhor maneira?

MIGUEL — Não sei. Eu tenho medo. Eu nunca pensei que eu iria gostar de outra pessoa, ainda mais que essa pessoa fosse um homem.

PSICÓLOGO— Então, a sua insegurança é sobre isso?

MIGUEL(sobressalto) — Não! (sorri) Para falar a verdade, eu nem pensei nisso. Quando eu comecei a sentir de verdade o que eu sinto, eu nem pensei nisso (angústia). Tudo que eu pensava era nesse medo, nesse receio.

PSICÓLOGO — De quê? Do que você tem medo?

MIGUEL — Ser feliz. Me entregar de novo, eu não… eu não sei se eu sou merecedor. Às vezes parece que não. Eu sinto medo de isso se tornar maior do que uma paixão e depois acabar. As pessoas não costumam permanecer na minha vida. Sempre foi assim. Eu não quero dizer que amo alguém quando essa pessoa está cruzando a porta para ir embora.

Foco no rosto de Miguel, aparentemente intocável na sua dor.

07 INT. MANSÃO DELLAFRANCO, QUARTO — DIA.

Juliano acaba de abrir a porta do quarto de Toni e adentrar com Laís/Simone.

JULIANO — Então, Simone. É o quarto dele. E aqui…

Ele mostra o berço onde Toni brinca.

JULIANO — É o meu filho. A coisa mais preciosa que eu tenho. Imagina se eu o perdesse. Já enlouqueci quando soube que a babá havia derrubado ele na piscina. Se não fosse a Leandra… Eu sei que foi sem querer, mas todo cuidado é pouco.

LAÍS/SIMONE — É realmente uma criança adorável. Eu vou cuidar dele como se fosse meu. O senhor vai ver… Eu sou muito cuidadosa.

JULIANO(olho no olho) — Você tem alguma coisa que eu não sei explicar. É algo…

Laís dá pra trás, assustada.

O telefone toca. Juliano desperta, quebrando a tensão da cena.

JULIANO — Só… Cuida dele direitinho…

Juliano sai, meio disperso, para atender o telefone.

LAÍS — Pode deixar…

Laís caminha até o berço.

LAÍS — Eu vou cuidar de você muito bem. Até porque, eu preciso devocê inteiro e saudável. Ai, Toni, Toni… Acho que vamos nos tornar melhores amigos a partir de agora.

Laís ri, sarcástica.

Fim do capítulo.


OBRA REGISTRADA E PROTEGIDA PELA LEI N° 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO, DE 1998. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.

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