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Anjo Bom | Último Capítulo


Web Novela de Everton B Dutra


ÚLTIMO CAPÍTULO


“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.


00 STOCKS SHOTS.

SONOPLASTIA: PRA VOCÊ GUARDEI O AMOR- NANDO REIS (PART. ANA CANAS)

Vemos os dias se passarem na grande metrópole, seguindo o ritmo das pessoas, os personagens e seus cotidianos. Como Mel está lhe dando com a súbita gravidez e Leandra com a presença de Toni constante em seu dia a dia. Miguel, que permanece indo nas sessões com a psicóloga e Jade, que parece evitar Laura em todas as suas tentativas de aproximação.

LETREIRO: UMA SEMANA DEPOIS.

01 INT. MANSÃO DELLAFRANCO-DIA.

Jade desce as escadas e se encaminha em direção à porta.

LAURA — Jade, Jade. Eu preciso falar com você!

Jade para bem na porta. Laura vem correndo da cozinha.

JADE — Eu não tenho nada pra falar com você. Tô atrasada para o fórum.

LAURA — Temos muita coisa para dizer uma para outra.

JADE — Errado! Eu não devo nada a ninguém. Já você… Você deve.

LAURA — E se eu tivesse ficado, han? Como seria? Como que a gente ia levar isso? Brigando? Por que era isso que ia acontecer. Isso não ia fazer bem pra você, nem pra mim, nem para o seu pai! Se eu continuasse do jeito que estava, eu iria arranjar um amante!

JADE — Você já fez isso! Fugiu com ele!

LAURA — A diferença é que eu não me escondi do Miguel. Eu disse! Eu tentei evitar o pior.

JADE — Você trouxe o pior.

LAURA — Eu amava o seu pai! Mas acabou… Filha, acabou!

JADE — Não! Você não o amava, por que amores não se acabam!

Laura segura os braços de Jade, que giram em discussões. Se sacodem.

LAURA (Chora) — Se acabam! Se acabam quando não há nada que os mantenham de pé!

JADE (Chora) — Você poderia o manter de pé!

LAURA — Eu não podia!

JADE — Me solta!

LAURA — Não!

Jade grita, empurra Laura e dá um tapa na cara dela. Tensão. Laura põe a mão no rosto, emocionada. Vira-se e anda lentamente em direção à Jade. Se encaram. Laura devolve o tapa em Jade.

As duas choram, um tempo olhando uma para a outra.

Em seguida se abraçam.

02 INT. APARTAMENTO DE AVA-DIA.

Ava acaba de adentrar em casa. Ela tira os saltos e sente-se aliviada. Caminha um pouco mais. CAM o acompanha. Nota uma caixa gigante sobre sua cama. Estranha.

AVA — Ué!

Ela abre a caixa e joga a tampa com o susto. Dentro tem um vestido de noiva. Ela lê o cartão.

AVA — De Moisés para Ava.

Seu celular toca.

SPLIT—SCREEN. A tela dividida ao meio. Mostra Moisés, de terno e gravata, em frente à uma igreja.

AVA — Moisés! O quê?

MOISÉS — Por uma vez nessa sua vida, cala a boca e me escuta!

Ava respira fundo.

MOISÉS — Sim, esse vestido é pra você! Sim, é pra você usar! Sim, você já deve adivinhar onde estou! Sim, é em uma igreja e sim, tudo isso é pra você chegar aqui e me dizer… Sim. Então não se atrasa muito, tem gente esperando por você aqui além de mim. Que seja feita a nossa vontade!

Desliga. Ava, atônita, pega o vestido e pensa.

03 INT. FÓRUM-DIA.

O juíz está posicionado em seu local. Miguel e Leandra acabam de chegar com seus respectivos advogados.

JUÍZ — Ambas as partes estão presentes?

MIGUEL — Sim.

LEANDRA — Sim.

JUÍZ — Sendo assim, que comecemos a audiência pela guarda de Antônio Dellafranco.

Começa a tocar em cena o instrumental de Pra Você Guardei o Amor- Nando Reis (part. Ana Canas).

Juliano acaba de chegar a porta do Fórum, apreensível. Miguel olha para ele, Leandra também, incomodada.

04 INT. IGREJA-DIA.

A música para. ADENTRA

SONOPLASTIA: ANYA MARINA- WHATEVER YOU LIKE.

As grandes portas da igreja se abrem. Visão de Ava, vestida de noiva. Corta para Moisés, já no altar. Ele sorri. Ela vem andando. Os convidados levantam-se. Ava, andando um tanto lentamente, sorrindo, até o momento que chega no altar. Moisés cochicha.

MOISÉS — Pensei que não viria.

AVA — Não perderia isso por nada.

PADRE — Que se inicie a cerimônia!

O Padre segue com a cerimônia do casamento. Muita emoção. Moisés pega a aliança e a põe no dedo de Ava.

MOISÉS — Eu prometo amar-te, cuidar-te, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza… Por toda a minha vida.

Ava pega a aliança e a põe no dedo de Moisés.

AVA — Eu prometo amar-te, cuidar-te, na alegria e na doença, na riqueza… É… Na pobreza também (sorri) por toda a minha vida.

Ava beija Moisés mesmo sem o dizer do padre. Todos aplaudem.

= = CORTE DESCONTÍNUO = =

Moisés acaba de sair da igreja com Ava nos braços com os convidados logo atrás. Ela se prepara para jogar o buquê.

AVA — Vou jogar, heim! É um, é dois, é três!

Ava joga o buquê para o alto. CAM o segue pelo ar, passa pela tela, cobrindo-a por inteiro. Nesse momento acontece uma troca de cena.

05 INT. FÓRUM-DIA.

A sessão para decidir o futuro de Toni acontece. Juliano mostra tensão. O advogado de Miguel apresenta os fatos.

ADVOGADO M — Levando em conta que meu cliente soube a pouco que Antônio era realmente seu filho, ele já cuidava com louvor da criança, sendo muito responsável em todos os momentos.

Leandra interrompe aos gritos.

LEANDRA — É mentira! Contratou uma babá que quase o afogou na piscina e outra que queria vendê-lo para outro casal! Que tipo de responsabilidade é essa?

MIGUEL — (Grita) Não jogue sujo! Sabe muito bem que essas coisas não são possíveis de se prever!

O juiz bate o martelo.

JUIZ — Por favor, não atrapalhem a audiência (à Leandra) E a senhora faça o favor de se conter.

Leandra tenta argumentar, mas seu advogado lhe cochicha algo. Ela acalma-se, inconformada.

ADVOGADO M — Bem levando o fato de que Leandra abandonou o filho quando recém nascido. Ela alega que não estava em posse de suas faculdades mentais. Quem garante, meritíssimo, que isso poderá não voltar a acontecer?

Silêncio. Leandra parece sem argumentos desta vez, seu advogado se levanta.

ADVOGADO L — Peço que não leve em consideração esse último argumento. A depressão pós parto acontece com grande parte das gestantes. Bom, além dos fatos que minha cliente citou sobre irresponsabilidade, há existente outro fator que pode vir a ser um empecilho, Miguel Dellafranco nutre um casamento homossexual com Juliano Tavares. Agora me diga, isso pode ou não causar uma confusão na cabeça de Antônio quando ele estiver crescido e o bullying é algo muito presente no nosso dia a dia. Esse contato pode não ser saudável.

MIGUEL — Pera aí, o fato de eu ser ou não gay não muda em nada o amor que sinto pelo meu filho. Ninguém tem o direito de me tirá-lo por conta disso!

LEANDRA — Não quero ver meu filho sofrendo!

Uma confusão se faz no fórum. O Juiz torna a bater o martelo.

JUIZ — Silêncio! Este fórum está em recesso por uma hora e logo em seguida voltarei com minha decisão.

Miguel e Leandra se entreolham.




06 INT. FÓRUM, SALA-DIA.

Maurício e Jade esperam apreensivos na sala de espera do fórum

JADE — O que será que está acontecendo?

MAURÍCIO — Não sei, mas já se passaram uma hora… Eles devem estar voltando para ver a decisão do Juiz.

JADE — Tomara que tudo acabe bem.

MAURÍCIO — Vai acabar!

Jade se recosta na parede, pensativa.

07 INT. FÓRUM-DIA.

Todos estão de volta ao fórum, em pé, apreensivos. O Juiz levanta-se.

JUIZ — Chegamos ao fim deste tribunal e carrego em mãos a decisão sobre a guarda da criança Antônio. Depois de ouvir a defesa de ambas as partes interessadas, imagino que há amor por esse indivíduo. Concluo então que a guarda de Antônio Dellafranco…

Foco nos rostos de Miguel, Leandra e Juliano.

JUIZ — (Completa) Será compartilhada entre o pai, Miguel, e a mãe, Leandra. O jurídico entende que ambas as partes possuem boas condições de criar e educar o filho da melhor maneira.

LEANDRA — O quê?

Surpresa. Todos se entreolham.

LEANDRA — Mas…

Seu advogado lhe fala algo no ouvido. Ela assente, emocionada.

JUIZ — Alguma objeção?

Miguel olha para Juliano, que lhe assenta, feliz.

JUIZ — Então, caso encerrado.

Ele bate o martelo.

SONOPLASTIA: PRA VOCÊ GUARDEI O AMOR- NANDO REIS (PART. ANA CANAS)

Vemos o tempo passar. Noites e dias se vão. Acompanhamos como os personagens em questão lhe dão com a novidade da guarda compartilhada.

LETREIRO: ALGUNS MESES DEPOIS…

08 INT. CARRO DE MEL, RUA-DIA.

Mel, nota sua barriga grande. Ela dirige, feliz. Estava a caminho do hospital, o parto estava previsto para daqui há um dia. Ela abaixa-se para pegar seu celular.

Numa fração de segundos, assim que ela levanta, nota um carro vindo alta velocidade em sua direção. Antes mesmo que pudesse raciocinar, o carro colide com seu. Ela grita.

A batida em questão não chegou a ser tão forte e o carro não capotou, mas foi jogado contra as grades de segurança da ponta. O outro carro para logo a frente.

MEL (Dor) — Ai, meu Deus!

Ela põe a mão na barriga e nota que sua bolsa havia estourado. Grita novamente. Abre a porta e sai do carro.

Neste momento, o homem do outro carro chega correndo, desesperado e a segura.

VITOR — Ai, meu Deus! O que eu fiz? Não se mexe muito, eu vou chamar a ambulância!

MEL — Não vai dar tempo! Ai! Eu acho..

VITOR — Olha para os lados e se mete no meio dos carros, pedindo em desespero para que parassem.

VITOR — Parem! Parem, por favor! Tem uma mulher grávida aqui e ela vai ter um filho!

Os carros começam a parar na medida em que ele grita. Volta-se para Mel.

VITOR — Calma!

Vitor, nervoso, tira seu paletó e joga no chão.

VITOR — Deita aqui!

Ele auxilia Mel a deitar-se no asfalto. CAM AÉREA. Pega toda a extensão do local, todos os carros em congestionamento.

MEL — (Chora) Ai, tá doendo muito!

VITOR — Calma! Faz um pouquinho de força. Anda!

Vitor olha a situação das coisas e volta com a mão cheia de sangue. Tensão. Mel chora bastante. Ela grita quando faz força. Respira e grita novamente.

MEL (Chora) — Meu Deus… Ai!

VITOR — Só… Só tenta mais um pouco… Tá quase lá!

Mel hesita e chora. Está exausta. A multidão de pessoas que saíram de seus carros gravam toda a cena.

VITOR — Só mais um pouquinho, ele vai nascer.

Ela respira, ofegante. Olha para o céu. Toma coragem e vai com toda a força. Um grito de coragem e determinação corta o ar e ecoa no local. Segundos depois, um choro angelical pode ser ouvido.

VITOR — Nasceu! O bebê nasceu!

Mel sorri. As pessoas comemoram. Uma enxurrada de aplausos se faz no local. Vitor comemora. Grita de felicidade.

09 EXT. PRAIA, ANGRA DOS REIS- DIA.

CAM AÉREA. Barulho do mar, vemos Jade e Leandra brincar com Toni. Maurício faz um castelo de areia que acaba de ser levado pelo mar. Ele faz cara de triste e Toni ri. CAM corre pela extensão e foca em Miguel e Juliano, sentados numa cadeira reclinável feita de alecrim dourado.

DESTINO (V.O) — É… Sentiram falta de mim? Eu me lembro de falar sobre o Destino nessa mesma história. Quer saber o que eu vi esse tempo todo?

ENTRA

SONOPLASTIA: DÁDIVA- ANA VILELA.

Imagens dos personagens e seus finais vão passando na tela, enquanto a música toca e Alguém fala.

DESTINO (V.O) — Eu vi gente superando seus próprios limites e vendo no próximo o seu próprio eu.

Vemos a imagem de Jade e Maurício se divertindo no mar.

ALGUÉM (V.O) — Eu vi gente descobrindo o amor bem naqueles momentos que a vida parece não ter sentido.

Vemos um outro take de Moisés e Ava. Situação engraçada de Ava em trabalho de parto. Moisés não sabe o que fazer.

DESTINO (V.O) — Eu vi de perto o sofrimento e logo depois a felicidade iluminando cada rosto, em cada canto do ser.

Cena de Mel e Vitor juntos. Eles engataram um relacionamento depois de tudo o que viveram. Felizes. Vitor agarra Marcos, o filho de Mel e o gira no ar. Estão num parque com uma grama verde e molhada.

DESTINO (V.O) — Eu vi amores se acabarem e se reconstruírem, eu vi pessoas nascendo e morrendo, eu vi sangue sobre terra e vida sobre… Esperança. Eu vi o passado e o futuro.

= = FLASH FORWARD ON = =

Flash de um futuro próximo. Podemos ver Toni crescer e andar.

Juliano e Miguel envelhecem.

— Jade sofrer um acidente de carro e posteriormente sua recuperação.

— Vemos Toni apresentar sua primeira namorada e logo depois vemos ela terminar com ele por saber que seu pai namora outro homem. Ele briga com Juliano e tranca-se no quarto, chorando.

— Vemos Jade e Leandra o aconselharem sobre como isso tudo foi uma bobagem.

— Ele se desculpa com Juliano e se emociona.

— Vemos Toni experimentando tudo que a adolescência oferece e estando em lugares que ele não queria estar.

— Vemos ele sendo agredido por colegas que não entendem a relação homo afetiva do pai. Ele se mantém forte e admira ainda mais os dois.

— Num salto, já vemos ele em seu casamento e em seguida todos se juntam parar tirar uma foto. Os filhos de Jade também.

= = FIM DO FLASH- FORWARD = =

DESTINO/AMOR — (V.O/Voz dupla)

E cheguei a conclusão de que amores vêm e ficam. E de que o Destino não é uma desculpa para que as coisas aconteçam. O destino é algo escrito e inevitável.

AMOR (V.O) — E quando ele chegar… Será devastador e surpreendente. Por isso prepare-se para o que vem pela frente, não se até à regras tradicionais. O destino está nas suas mãos. Então use-o com sabedoria.

Volta em Miguel e Juliano nas cadeiras.

MIGUEL — Acho que a gente podia voltar.

JULIANO — Acho que a gente podia.

MIGUEL — O que será daqui pra frente?

JULIANO — Sei lá, deixa o Destino decidir.

Juliano e Miguel sorriem. Eles se beijam e correm para se juntar a Jade, Toni, Leandra e Maurício.

Toca o tema de abertura MINHA CASA — VERSOS QUE COMPOMOS NA ESTRADA.

Eles riem. CAM.

E seus passos ficam marcados no chão.

CAM AÉREA vai se afastando com a imagem ensolarada de todos se divertindo no mar.

10 EXT. BANGALÔ–NOITE.

SONOPLASTIA: Too Young — Nat King Cole.

Um charmoso bangalô luminoso no meio de um campo esverdeado, rodeado de árvores. O céu azul com cores prateadas das estrelas e lua. Silêncio completo.

CAM foca em um senhor parado na janela de dentro do bangalô, observando, inebriado, o céu. CAM se aproxima o suficiente até estar no INTERIOR do Bangalô.

TONI abaixa o rosto, sofrido, e respira fundo, depois volta a observar as estrelas, sorrindo. Ele caminha, pesado, até a mesa a poucos centímetros.

Mãos trêmulas, enrugadas. Toni agarra uma caneta e assina. Ergue o papel sobre o rosto, lendo-o e logo em seguida repousa o papel sobre a mesa, pondo-se a caminhar para fora da sala, parando na porta e dando uma última olhada no papel.

Ele sorri e desliga a luz da sala, deixando a porta entreaberta e indo embora.

CAM segue até a mesinha e foca no papel. Um feche de luz vindo da pequena abertura da porta ilumina o Testamento assinado por ele. Destacado, vemos o nome de Eleonor Barcellos.

FIM

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