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Anjo Bom | Capítulo 07


Web Novela de Everton B Dutra


“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.


01 EXT. MORRO DO TALARICO, BECO — NOITE.

Jade se encontra de mãos para cima à espera de alguma ação. CAM. Desesperada e ofegante.

HERÓI —— Baixa a arma, mano!Baixe a arma de mansinho…

MAURÍCIO(Por cima) — Vamos resolver isso de uma forma pacífica. A gente não precisa machucar ninguém.

HERÓI —— Já falei pra baixar a arma!

PLANO. Jade olha para Maurício que discretamente assente com a cabeça e sussurra “vai”.

CAM. Jade espera um pouco e em seguida corre em direção à polícia, instantaneamente uma troca de tiros acontece. Jade grita, cobre o rosto e se joga nos braços de Maurício.

Maurício rapidamente faz a guarda de Jade e a agarra, atirando de volta. Logo, os dois correm em direção ao carro da polícia. Ela adentra e depois ele.

O carro sai em disparada.

02 INT. GALPÃO — NOITE.

E um dos agiotas dá mais um chute em Juliano, que já estava no chão, completamente machucado e sangrando. Ele grunhi.

AGIOTA — Isso é pra tu aprender a não brincar com quem não tá de brincadeira. Presta atenção, isso aqui foi só um recado. Amanhã, às doze e meia, se você não aparecer com meu dinheiro, se você estiver aqui com ele…

O agiota faz sinal que vai atirar com a arma. Ele faz sinal e se vai, com todos os outros capangas juntos.

CAM em Juliano no chão. Ele, choroso, faz cara de dor, tossindo.




03 EXT. CASA DE MEL — NOITE.

CAM. Laís e Ricardo acabam de sair da casa. Ricardo sorri.

RICARDO ——Obrigado.

LAÍS — Imagina. Eu que tenho que te agradecer. Até que enfim um homem com coragem pra aguentar minha irmã, literalmente.

RICARDO — Gosto muito da Mel.

LAÍS — E você já teve outras namoradinhas?

RICARDO — Nenhuma que valesse tão apena.

LAÍS — Você pretende mesmo ser somente de uma pessoa?

RICARDO — A gente tem que ficar com quem ama.

LAÍS — Você ama a Mel?

RICARDO — Tenho um apreço.

LAÍS — Não é amar.

RICARDO — Estou aberto a alternativas.

LAÍS(sedutora)— Contanto que eu não seja a última delas.

Laís puxa Ricardo pela gravata e lhe dá um beijo.

Ele logo retribui.

04 EXT. CARRO, ESTRADA — NOITE.

CAM. Maurício dirige cuidadosamente. A estrada está lisa por conta da garoa que cai à fora.

CAM foca em Jade, que se encontra no banco da frente, com a cabeça recostada na janela.

MAURÍCIO — O que deu na sua cabeça para achar que podia se enfiar em uma favela como se fosse numa matinê para menores de idade, menina?

JADE(abalada) — Eu não sou menor. E você não tem nada a ver com a minha vida.

MAURÍCIO — Eita! Mas eu te fiz um favor e é assim que você me agradece?

JADE — Não te pedi nada. Eu iria me livrar sozinha. Além disso, você é policial. É seu trabalho proteger as pessoas.

MAURÍCIO — Hum..

JADE (irritada)— Ai, quer saber? Para o carro! Eu quero descer!

MAURÍCIO — Cê tá louca? Vai ficar aí até eu te levar pra casa!

JADE — Eu não te conheço! E ninguém manda em mim!

Jade agarra o volante e os dois brigam pelo volante. O carro sai ziguezagueando na pista molhada.

Maurício acaba perdendo o controle e o carro,numa fração de segundos, bate no poste.

Em Jade e Maurício. Sem ferimentos graves. Maurício, visivelmente perplexo, olha para Jade, boquiaberto.

MAURÍCIO — Olha o que fez…

JADE — Falei pra parar o carro…

Jade abre a porta do carro e sai andando. Maurício, inconformado, também sai e verifica o estrago do carro. Colocando a mão sobre a cabeça.

MAURÍCIO (Raiva) — Você é louca! Completamente maluca!

CAM acompanha Jade, ainda caminhando. Ela grita.

JADE — Vai se danar!

MAURÍCIO — Olha aqui, eu poderia te prender por isso!

Jade levanta o dedo do meio para Maurício. Segue. CAM RETORNA EM MAURÍCIO, que pensa ir atrás, mas desiste, e de raiva chuta o pneu do carro, que acaba disparando o alarme e a sirene.

MAURÍCIO — Ai, que ótimo!

05 INT. CONSULTÓRIO — NOITE.

Pequeno consultório à meia luz. Um ambiente mais intimista. Miguel está deitado sobre um divã, ao lado da janela de vidro, enquanto a psicóloga, Peregrina, anota algo numa agenda.

PEREGRINA — Como já lhe disse, o diagnóstico foi dado há algum tempo. Agora, Miguel, me responda, como você está lhe dando com isso? Como você sabe, o demirromântico é um tipo de romântico da área cinzenta que sente atração romântica somente depois de já desenvolvida uma conexão emocional, ou psicológica. Os demirromânticos não sentem atração romântica primária, mas são capazes de sentir atração romântica secundária, ou seja, essas pessoas têm uma dificuldade maior de se apaixonar, de se relacionar e se entregar por um inteiro à uma relação. Tem que haver um vínculo emocional muito forte que liga você à outra pessoa.

MIGUEL — Eu só me apaixonei uma vez na vida, que foi pela Laura, mas ela me abandonou e…

PEREGRINA — E você voltou à estaca zero. Miguel, eu aconselho que você tente gostar de outra pessoa, criar um vínculo. Que você se esforce um pouco mais nas suas relações.

MIGUEL — Você acha que eu já não tentei? Nem com a minha própria filha eu me dou bem. Não sabe o quanto é difícil pra mim viver assim. Essa coisa que não sai de mim nunca. Eu não vou conseguir me apaixonar nunca! Eu vou viver sozinho…

PEREGRINA — Não é algo que se pode evitar. Você deve encontrar algo nas pessoas que te cause interesse, um gosto musical, algo que te apetece também. Comece pelas pequenas coisas, pelas miudezas. Quando iniciamos há um ano você havia me dito que tinha planos de ter mais filhos. O que mudou?

MIGUEL — Não posso… Não posso mais, fiz vasectomia pouco depois de resolver fazer uma doação voluntária de esperma. Eu não posso gostar de ninguém, eu não consigo e talvez… Talvez nunca vou conseguir novamente.

PLANO AÉREO. Foco no rosto de Miguel, com os olhos cheios de lágrimas.

06 INT. HOTEL, BAR — NOITE.

Leandra se encontra no bar de um hotel tomando um drink. Distraída em seus pensamentos. Até que alguém se senta ao seu lado.

LAERTE — Se importa?

LEANDRA — Não, eu não…

Leandra olha para o rosto de LAERTE e fica pálida. Acaba derrubando o copo no chão.

LAERTE (sorri)—— Calma, o que é que foi?

LEANDRA (pálida)— O que você está fazendo aqui?

LAERTE — Se assustou, né? Não tem como fugir do passado, Leandra. Ele sempre volta para nos assombrar.

LEANDRA —Não sei do que você está falando.

Leandra levanta-se, desnorteada, mas Laerte segura seu braço.

LAERTE — Eu posso refrescar sua memória sobre aquele servicinho que você me pediu pra fazer. Que feio, Leandra, eu que fiz a sua inseminação artificial, coloquei no mundo um filho seu e do…

Leandra tapa os ouvidos. Grita, chamando a atenção de todos.

LEANDRA — Para, para, para!

Ela espreme os olhos.

FLASHBACK ON:

Em Leandra, andando numa rua pouco movimentada. O vento forte acabou derrubando o gorro do casaco que escondia seu rosto.

Foco em suas mãos. Carrega uma cesta nas mãos, olhando para os lados, perturbada. Chega num ponto de ônibus vazio. Um som de trovão corta o céu acinzentado. CAM. Leandra olha para cima, amedrontada, perturbada.

Ela caminha até uns sacos de lixo bem próximo do ponto de ônibus e deixa a cesta lá, com um pesar e uma confusão nos olhos. Revela que há um bebê dentro. Ela o balança um pouco, mas se assusta com a clarão dos faróis do ônibus, que se aproxima.

Mais barulhos de trovões ecoam no céu nublado de noite. Ela olha para o bebê pela última vez e sai correndo do local.

FLASHBACK OFF.

Leandra agarra a mão de Laerte subitamente, sua voz soa grave.

LEANDRA — Não! Ninguém pode saber que eu fiz inseminação, que aquele sêmen era do Miguel, ninguém, entendeu? Ninguém….

Ela respira, ofegante e transtornada.

A cena congela

Fim do capítulo.


OBRA REGISTRADA E PROTEGIDA PELA LEI N° 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO, DE 1998. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.

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