Anjo Bom | Capítulo 10
- Estúdio Webs
- 5 de jan. de 2023
- 6 min de leitura
Atualizado: 29 de out. de 2023

Web Novela de Everton B Dutra
“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.
01 INT. MANSÃO DELLAFRANCO — DIA.
Todos estão sentados no sofá da sala de estar, enquanto Miguel explica toda a situação. Juliano se encontra, em pé, balançando Toni, enquanto escuta toda a conversa com desconfiança.
JADE (confusa)— Pera, deixa eu entender. O biso deixou um contrato que alega que você, Pai, e você, Juliano, têm que se casar? E vocês… Se casaram?
Jade se mostra atordoada. Revela a imagem de Leandra, também perplexa.
JULIANO — Mas eu acho que seu avô não sabia que essa pessoa seria eu.
LEANDRA — Você se casou, Miguel… Não me disse nada sobre isso. Não me contou, simplesmente fez tudo pelas minhas costas!
MIGUEL — Eu não te devia satisfações alguma, aliás, não devo!
LEANDRA — Canalha, estúpido, idiota!
Jade começa a rir alto, achando tudo muito engraçado. Ninguém entende. Toni chora. Leandra olha a criança, porém, não enxerga seu rosto.
LEANDRA(irônica)— E ele? Fazia parte do pacote também? Adotar um bebê? Olha que lindo! Uma família completa!
MIGUEL (impaciente)— Não, Leandra! Não fazia parte do contrato. O Toni é filho do Juliano. Ele exigiu que eu registrasse o garoto em cartório, dando meu nome à ele, fazendo de mim o pai na certidão de nascimento dele.
Leandra pensa enquanto Miguel fala. Ela lembra de ter abandonado o bebê no ponto de ônibus. Flashes do momento invadem a tela rapidamente. VOLTA emLeandra, desesperada. Grita.
LEANDRA — Desgraçado, infeliz!
Leandra se levanta e agarra o vaso do centro e joga em Miguel, que se abaixa a tempo de escapar. O vaso se espatifa no chão.
Leandra corre e parte para cima de Miguel. Ela começa a bater e arranhar ele, que tenta se defender, confuso.
JULIANO(assustado) — Alguém para essa mulher!
JADE — Deixa só mais um pouquinho. Até que ele está merecendo um bom sacode né, não?
Miguel consegue contornar a situação e imobiliza Leandra, já cansada. Juliano dá de ombros e se diverte.
MIGUEL — PARA COM ISSO, LEANDRA, PARA. CHEGA!
02 INT. APARTAMENTO DE RICARDO — NOITE.
Foco em Mel. Vê Ricardo e Laís na cama. Ela chora calada.
MEL(engasga) — Ri… Ricardo.
Ricardo e Laís se assustam. Ele finge surpresa. Ela apenas se enrola no lençol.
RICARDO — Mel? Eu posso explicar… Eu…
MEL(Chora) — Não precisa, eu sei… Eu sei o que eu estou vendo. Por favor, não continue fazendo pouco da minha inteligência.
Mel chora desesperada e sai correndo do apartamento. Laís olha para Ricardo, surpresa, porém não abalada. Ela joga a cabeça para trás e ri.
04 INT. MANSÃO DELLAFRANCO-NOITE.
Juliano e Jade estão no quarto em que foi reservado para Toni. Juliano guarda algumas coisas no guarda-roupas.
Foco em Jade, a observar Toni dormir no berço. Juliano a flagra. Sorri.
JULIANO — Nossa, ainda bem que aquela mulher já foi. Que louca, fez escândalo e tudo. O que o Miguel e ela são um do outro?
JADE — Ela é uma vaca (se contém). Dava em cima do meu pai mesmo ele casado com a mamãe.
JULIANO — Você realmente não se importa de ter ganhado um irmão do nada, de seu pai ter se casado com outro homem?
JADE — Que o doutor Miguel faz tudo por dinheiro, eu já sei, não é novidade alguma. Mas eu tenho que admitir que até um alívio. Talvez seja bom ter uma criança fofa como essa aqui. Essa casa é tão triste e tão vazia, sabe?
Jade olha para Toni e sorri.
JADE — Agora deve ficar menos tedioso e depressivo.
Juliano se sente bem com as palavras de Jade.
JULIANO — Eu vou ver onde vou dormir.
JADE(admirando Toni)— É no quarto ao lado. Só deixa eu ficar mais um pouquinho paparicando esse meninão aqui.
Juliano sorri e sai em seguida para o CORREDOR.
CAM. Juliano se encontra confuso com a imensidão do corredor. Ele admira um pouco, intimidado, as paredes e os quadros. Dá de ombros e caminha para o QUARTO ao lado.
Abre a porta e logo nota uma infiltração grande. Bufa e logo sai. Caminha até o quarto seguinte e entra com tudo no aposento.
CAM logo revela Miguel, de costas, nu, enquanto seca o cabelo com a toalha. Os dois, ao se notarem, se assustam. Miguel rapidamente se cobre.
MIGUEL — Ou, ou, ou, ou! Tá louco? Sabe bater, não?
JULIANO(recupera-se) — Você me colocou num quarto com infiltração de propósito!
MIGUEL — Mania de perseguição essa sua. Eu nem sabia que esse quarto estava com infiltrações, fique sabendo.
JULIANO — Eu não vou dormir lá, e o quarto do Toni não tem cama.
Miguel torce os lábios e pensa.
MIGUEL — Os outros quartos estão cheios de entulho, não tem como arrumar hoje. Você vai ter que dormir aqui, mas nem pense que eu vou dormir no chão. Se quiser ficar com um lado da cama…
JULIANO — Sua generosidade me comove, sabia? Eu posso dormir no sofá da sala.
MIGUEL — Pena que eu não me importo. Lá faz muito frio à noite, mas fique à vontade. A casa é sua.
JULIANO — Grosso. Pré-histórico.
MIGUEL — Intrometido. Mal educado.
Juliano ruge e bate a porta. Miguel faz cara feia e revira os olhos.
04 INT. CASA DE MEL, SALA — NOITE.
Mel chora no sofá. Verônica não liga muito. Trinco da porta. Adentram Ricardo e Laís. Mel os olha e corre, partindo para cima de Laís, mas Ricardo a contém.
MEL — Me solta! Falsa! Eu vou acabar com você! Falsa!
RICARDO — Para, para com isso! Chega!
MEL — Vocês dois me traíram! Como…? Não! Me solta, me solta!
VERÔNICA — Chega!
Verônica vai até Mel e dá uma bofetada na cara de Mel, que se assusta e, enfim, para.
VERÔNICA — Chega, vai arrumar suas coisas. Você vai embora daqui! Vai morar em Viena com a sua tia!
MEL(raiva) — Não vou!
Verônica dá outra bofetada. Mel grita.
VERÔNICA — Vai, sim! Sai daqui! Eu não aguento mais você, garota. Você, Mel, deixa a casa monótona.
Vai embora e deixa a sua irmã ser feliz!
MEL — Feliz? Feliz à custo de quê? Da minha infelicidade, mãe? E eu? Onde fica a minha felicidade?
VERÔNICA — Você, Mel… Como sempre dando defeito, desde pequena, arrumando escândalo, me envergonhando na frente de todos. Sempre foi um estorvo, uma tralha que eu tive que carregar toda a vida, mas agora acabou. Acabou!
MEL(Chora)— Ai, eu te amo tanto mãe. A senhora nunca gostou de mim, por quê? Eu só precisava de você, mas você nunca estava. Me ignorava, mãe!
Verônica bate novamente em Mel. Ela cai no chão.
VERÔNICA — Você é ridícula! Você é feia, você uma idiota! Eu tenho vergonha de ser sua mãe.
Mel chora compulsivamente. Ela olha para Ricardo.
MEL — Você disse que me amava…
RICARDO — E você acreditou? Você não vê que eu sou muita areia pro seu caminhãozinho, sua imbecil? Nunca irei amar uma gorda, obesa como você! Sabe, a cada vez que eu te beijava, dava uma vontade de vomitar incontrolável.
Laís ri.
LAÍS(maldosa) — Foi ilusão sua achar que conseguiria ser amada por alguém. Mel, minha irmã burra. Eu posso fazer suas malas se quiser, Maninha.
Laís pega na mão de Ricardo e sai. Verônica olha para Mel com nojo e vai embora.
05 EXT. CASA DE MEL — NOITE.
SONOPLASTIA: Satisfied Mind — Johnny Cash.
As portas do carro são fechadas. Em Mel, olhando sua casa através do vidro da janela. O carro parte. Foco no rosto de Mel. Lágrimas são derramadas copiosamente. Vê a casa se afastar de seu campo de visão.
MEL(Ódio) — Vou me vingar, vou fazer todos pagarem pelo que fizeram comigo, por tudo que eu passei. Eu vou voltar… E quando isso acontecer, vai ser implacável. Eu vou acertar as contas com todo mundo.
05 INT. MANSÃO DELLAFRANCO, QUARTO — NOITE.
PLANO AÉREO. Miguel e Juliano dormem na cama, um de costas para o outro. Miguel não consegue dormir. Juliano entra em um transe.
JULIANO — Mãe? Mãe você está aí? Ah, mãe. Eu te esperei tanto, tanto…
Juliano, de olhos fechados, ainda dormindo, levanta-se da cama e anda até a grande sacada da janela do quarto. Miguel observa tudo, assustado e confuso.
JULIANO — Mãe? Eu estou indo, mãe… Eu estou indo. Me espera.
Juliano sobe na sacada e senta-se, de braços abertos.
MIGUEL — Ei, ei!
Miguel levanta-se da cama rapidamente e agarra Juliano antes que ele pudesse pular janela abaixo.
Os despencam e caem no chão. Juliano abre os olhos e cai por cima de Miguel. Involuntariamente, seus lábios se encostam de relance.
Os dois, de imediato, arregalam os olhos.
SONOPLASTIA: Entrelinhas — Ana Vilela.
A CENA CONGELA
Fim do capítulo.
OBRA REGISTRADA E PROTEGIDA PELA LEI N° 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO, DE 1998. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
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