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Anjo Bom | Penúltimo Capítulo


Web Novela de Everton B Dutra


PENÚLTIMO CAPÍTULO


“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.


01 INT. HOSPITAL-DIA.

Tela preta. CAM se abre na medida em que os olhos de Juliano despertam. Vê a imagem embaçada de Miguel, sorrindo aliviado. Ouve-se o bipe dos aparelhos.

MIGUEL —Que bom que acordou.

JULIANO — Onde eu estou?

MIGUEL — No hospital, você ficou alguns dias desacordado. Não sabe o quanto eu fiquei aflito.

JULIANO (tonto) — Eu lembro agora. Vi você e a Laura juntos no quarto.

MIGUEL — Eu preciso te explicar isso.

JULIANO — Eu não quero ouvir nada agora. Eu só… Eu só quero o meu filho… Só isso.

MIGUEL (triste) — Eu… Abri um processo de guarda contra a Leandra. Achei que não fosse acordar a tempo do tribunal.

JULIANO — Já foi marcado?

MIGUEL — Como eu sou o pai de sangue do Toni, o processo corre em meu nome. Semana que vem.

Juliano fica um pouco em silêncio. Miguel segura sua mão.

MIGUEL — Eu preciso te dizer uma coisa que pra mim é quase impossível… Então eu vou falar de uma vez, antes que as palavras possam escapar. Juliano, eu te/

Um médico acaba de adentrar. Miguel interrompe.

MÉDICO — Desculpe a demora. Vamos ter que fazer um check up em você, Juliano (à Miguel). Por favor, peço que de retire para que possamos realizar o processo.

MIGUEL — Eu… Tudo bem.

Miguel hesita um pouco e sai do quarto do paciente.

02 INT. HOSPITAL-DIA.

CAM percorre todo o corredor do hospital e para na sala de espera, onde se encontra Mel, com um copo de café em mãos. Levanta-se quando percebe um outro médico se aproximando.

MEL — Então?

MÉDICO —Bom, sua mãe ficou alguns dias desacordada e durante todo esse tempo tentamos fazer o possível para que/

MEL (interrompe) — Por favor. Sem rodeios.

MÉDICO —Infelizmente ela sofreu uma parada cardíaca e não resistiu… Eu sinto muito… Dona Verônica, sua mãe, acaba de falecer.

CAM.Mel sai andando lentamente. Tudo a sua volta gira completamente. Ela sua frio. Tenta se segurar na parede, mas cai no chão, desmaiada. CAM APAGA.

03 INT. APARTAMENTO DE LEANDRA-DIA.

SONOPLASTIA: Teresinha — Ana Larousse

RISOS. ABRE A CENA.

FOCO no rosto de Leandra, sorrindo, girando. Depois no de Toni. Revela Leandra, brincando com Toni. Ela ri, enquanto a criança aparenta se divertir.

Para de girá-lo no ar e sorri, o embalando nos braços. Encosta sua cabeça na dele, afável.

A campainha toca. Leandra corre e atende, cuidadosa.

Adentra Laura.

LAURA — Bom dia, Leandra.

LEANDRA — Você não é bem vinda em minha casa, Laura. Se me der licença, por favor…

Leandra abre a porta, mas Laura a fecha. Tom sério.

Leandra ajeita Toni nos braços, desconfiada.

LAURA — Vamos pular a parte do drama chato que não combina com você.

LEANDRA — Eu não quero te ouvir!

Leandra caminha para até onde estava, deixando Toni no chão, o incentivando a brincar com os vários brinquedos espalhados pelo chão.

LAURA (por cima) — Vai me ouvir, sim! Você não sente vergonha do que está fazendo não?

LEANDRA — Do que? De querer meu filho de volta? Desculpa, eu não me envergonho, não.

LAURA — Você fez tudo às escondidas, não fez questão de avisar que estava pedindo a guarda da criança. Traiçoeira. Agiu rastejando para que ninguém te visse. Sempre foi assim. Nunca teve coragem de enfrentar seus problemas de frente. Tanto que abandonou o próprio filho ao Deus dará!

Leandra se levanta e fica de frente para Laura, abalada.

LEANDRA (olhos marejados) — Eu já disse milhões de vezes que eu não estava bem naquele dia, eu já disse. Milhões de vezes, milhões…

LAURA — Não acredito em você.

LEANDRA — Você não sabe o que eu passei.

LAURA — Coitada dela, gente! Para de atrapalhar a vida das pessoas. Não cansa, não? Foi assim comigo e Miguel e agora vai ser com ele e o Juliano.

LEANDRA — Para! Você não tem moral alguma pra vir em minha casa e apontar o dedo como se fosse uma santa. A dona da moral e da verdade. Você também abandonou a sua filha!

LAURA (emocionada) — São casos diferentes, são completamente diferentes!

LEANDRA — Claro que são diferentes, imagina. Cutucar a ferida dos outros é fácil demais.

LAURA — Você sempre arruma desculpas e depois quer reparar os seus deslizes!

LEANDRA — Como assim, deslizes? O Toni é meu filho e eu não vou abrir mão dele, não vou! Venha o que vier, quem vier. Eu não vou cair! (chora/desespero) O que você está vendo aqui é uma mãe à procura de alguma coisa que se faça de concreto. Eu estou tentando recuperar a minha história!

LAURA — Abandonou a sua história num ponto de ônibus!

Leandra grita e dá um tapa na cara de Laura, que devolve. Toni começa a chorar.

LEANDRA — Calma, calma. Meu amor, não chora. Mamãe está aqui… Sai da minha casa! Sai agora, antes que eu mesma te tire daqui! Sai!

Laura se aproxima de Leandra e grita.

LAURA —Vai perder essa criança!

LEANDRA (chora/grita) —Não vou, não vou!

LAURA (Por cima/ grita) — Vai sim! Judas! JUDAS!

LEANDRA — SAI!

Leandra chora desesperada, apertando Toni contra seu peito. Laura sai rindo.




04 INT. CONSULTÓRIO-DIA.

CAM.

Miguel neste momento se encontra deitado numa poltrona reclinável, enquanto a psicóloga lhe faz algumas perguntas.

PEREGRINA — É preciso ter certeza dos nossos sentimentos. Tem certeza dos seus?

MIGUEL —Tenho, mas é que… Falta algo. Entende?

PEREGRINA — Esse algo que falta, não seria, talvez, dizer o que sente de verdade.

MIGUEL — Eu tentei hoje, mas não consegui. Não queria sair.

PEREGRINA — Talvez você tenha realmente se apaixonado, mas não quer admitir pra si mesmo que está finalmente amando uma outra pessoa.

MIGUEL — Eu não sei! Você mesmo disse no meu diagnóstico que é preciso um laço muito forte para que eu me apaixone, não disse?

PSICÓLOGA — E existe laço mais forte que um filho?

MIGUEL — Acredito que seja tarde demais para se dizer o que sente. Em breve, eu vou envelhecer, e o amor vai ter passado, igual o meu avô. Isso deve doer. Essa manhã eu vi os primeiros fios de cabelos brancos, e aí eu me dei conta de que isso possa ser o tempo me avisando que ele cansou de mim.

PEREGRINA — E desde quando o amor vem com prazo de validade?

Foco no rosto de Miguel, aflito e pensativo.

05 INT. HOSPITAL-DIA.

O médico mede a pressão de Mel, que espera paciente e exausta. Ainda chora a morte da mãe.

MEL — Foi só uma queda de pressão. Eu só quero sair daqui e cuidar da despedida da minha mãe. Embora ela tenha me renegado a vida toda.

MÉDICO — Não devia fazer esforço algum na sua condição delicada.

MEL — Condição delicada?

MÉDICO — Você… Não sabe, não é mesmo?

MEL — Saber do quê?

MÉDICO — Você está grávida.

MEL — Grávida?!

MÉDICO — Há mais ou menos quatro meses.

MEL — Como assim? Eu devia ter sentido alguma coisa.

MÉDICO — Entenda que há casos em que realmente não há sintoma algum de gravidez…

Silêncio. Em choque, Mel escuta o que o médico diz, com a mão na boca e lágrimas nos olhos.

Fim do capítulo.


OBRA REGISTRADA E PROTEGIDA PELA LEI N° 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO, DE 1998. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.

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