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Anjo Bom | Terceiro Capítulo


Web Novela de Everton B Dutra


“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.


01 INT. EMPRESA DELLAFRANCO, SALA DE MIGUEL — DIA.

Continuação Imediata do Capítulo Anterior…

JULIANO 一 Você.

Miguel e Juliano se encaram por um instante.

MIGUEL 一 Desculpe, quem é você?

JULIANO 一 (Ri/deboche) Ah, engraçado você, né? Meu Deus, eu não acredito que eu vim parar justo aqui!

MIGUEL 一 Escuta, como você pode ver, eu estou com problemas sérios. Tem como se retirar da minha sala?

JULIANO 一 Mas você é muito do mal encarado, viu?

MIGUEL 一 Eu não sou obrigado a ouvir suas ofensas! Eu nem te conheço.

JULIANO 一 Quase passou por cima de mim ontem com o seu carro e nem prestar socorros prestou, nem sequer desculpas pediu!

JADE 一 (sorri) Esse é meu pai. Bem-vindo ao mundo dele.

MIGUEL 一 Eu realmente não me recordo do ocorrido. Se puder nos dar licença…

JULIANO 一 Sabe o que é? É que é difícil te imaginar como pai. Mal te conheço e já vi esse teu ar de superioridade, arrogância, prepotência.

LEANDRA 一 Quem é esse ser humano?

MIGUEL 一 Não faço a mínima idéia, mas se continuar com essa palhaçada eu aproveito esses polícias e mando você junto com essa irresponsável pra cadeia!

JULIANO 一 Não precisa que eu tô indo embora!

LEANDRA 一 (resmunga) Pobre não pode ouvir o nome polícia que já sai correndo.

JULIANO 一 Escuta aqui, eu sou pobre sim, mas eu não estou fugindo da polícia, não. Eu sou honesto, viu?

MIGUEL 一 Me poupe desse papo barato de pobre injustiçado. Veio procurar emprego, viu que não tinha, agora pode ir embora. E aliás, essa empresa não é lugar pra gente como você. Seu currículo provavelmente, com sorte, claro, muita sorte, ficaria separado e concorreria com mais uns mil para conseguir uma vaga no almoxarifado.

JULIANO 一 Vocês se dizem chiques, ricos, inalcançáveis, mas não passam de um bando de gente vazia a procura de algo com que possam gastar tempo e descontar suas frustrações e infelicidades do dia a dia. Eu tenho pena de você.

JADE 一 Ui, doeu bastante aqui no fundo da alma, papito.

Jade ri e tenta se soltar dos policiais. Miguel dá pra trás, ferido, mas logo reage, andando apressadamente e determinado em direção a Juliano, parando bem na sua frente.

MIGUEL 一 Sai da minha empresa! Ou eu mesmo vou te tirar daqui!

JULIANO 一 Se encostar um dedo em mim vai levar!

MIGUEL 一 (encarando) Sai.

JULIANO 一 (encarando) Aqui, precisa mostrar o caminho, não.

MIGUEL 一 (encarando) Não espere que eu faça isso.

JULIANO 一 (encarando) Claro que não. Educação passa longe de você. Tenha um bom dia.

Juliano sai. Miguel respira fundo e olha para a cena em que se encontra.

MIGUEL 一 Então, podemos resolver isso de outra forma, mais pacífica, o que acham?

Miguel retira do bolso a carteira.




02 INT. SHOPPING, LOJA DE ROUPAS — DIA.

MEL (20) escolhe algumas roupas nos cabides que lhe caiam bem. Ela olha a etiqueta e o tamanho, devolve, não cabe, e acaba pegando a roupa seguinte, bem maior que a anterior.

CAM. Mel segue em direção ao vestiário, abre a porta. Risos saem.

DENTRO

VERÔNICA (45) sua mãe e LAÍS (21) sua irmã. As duas experimentam roupas.

VERÔNICA 一 É claro que eu só trouxe a “Mellância” por hábito. Sua irmã não tem o que fazer no shopping. Essas lojas não têm o tamanho dela.

LAÍS 一 Nenhuma loja né, mamãe? O que a Mel precisa não é de dieta, que isso ela já fez um monte. Adiantou? Não. Ela continua obesa. O que a Mel precisa é de alguém que faça roupas por encomenda, porque nenhuma loja, de nenhum shopping vende esse tipo de saco que ela costuma usar.

Verônica dá de ombros e continua a paparicar Laís.

Mel derruba a roupa no chão e sai correndo.

03 INT. SHOPPING, LOJA. BANHEIRO — DIA.

Mel acaba de adentrar no banheiro. Ela fecha a porta atrás de si e chora bastante. Arfa, seguindo em direção ao espelho.

ENTRA

SONOPLASTIA: Te Faço Um Café- Ana Müller.

Ela soluça e vê seu reflexo no espelho.

FLASHBACK ON:

Verônica estende um frasco de comprimidos para Mel.

VERÔNICA 一 Comprei pra você. Esses vieram de Paris. Mas é pra tomar, heim? Faz um seguinte, olha para aquele vestido no seu guarda roupas e imagina que um dia você vai vestir ele, que vai caber em você. Serve de motivação.

Verônica suspira e sai andando.

VERÔNICA 一 (Voz) Laís, vem ver o vestido que comprei pra você!

FLASHBACK OFF.

VOLTA.

Mel tira de dentro da bolsa o frasco e derrama uns dois comprimidos na mão, engolindo-os com a água da torneira mesmo. Depois respira e sai.

04 INT. SHOPPING — DIA.

Em Mel, apressada, acaba esbarrando em alguém. Corpos colidem.

MEL 一 Desculpa, eu…

RICARDO 一 Não, a culpa foi minha… Mas você… Você estava chorando, não?

MEL 一 Não é nada.

RICARDO 一 Ah, que susto! Garotas bonitas como você realmente não combinam com choro.

MEL 一 (ofendida) O que você é? Palhaço ou o quê? A minha vida já tem gente demais rindo de mim todo dia. Dá licença!

Mel sai. RICARDO (23) não entende, mas sorri.

05 INT. MANSÃO DELLAFRANCO, QUARTO — NOITE.

Leandra se encontra num dos quartos da mansão. Ela liga para Miguel.

LEANDRA 一 Miguel? Escuta, eu tô na sua casa. Preciso falar urgente com você. É um assunto que não pode ser adiado.

SPLIT SCREAM. A tela se divide em duas, mostrando Miguel andando apressado no estacionamento da empresa em direção ao carro. Ele segura o papel com o endereço que Ava conseguiu hoje cedo. FOCO.

MIGUEL 一 Eu vou demorar, preciso resolver um assunto sério. Vai resolver minha vida daqui pra frente.

LEANDRA 一 (OFF) Eu posso esperar.

Um trovão cruza o céu. Miguel olha em direção a ele, franzindo a sobrancelha.

LEANDRA 一 Só toma cuidado. Parece que vai cair um toró daqueles heim.

MIGUEL 一 Chuva nenhuma vai me parar hoje.

E desliga. Leandra dá de ombros e suspira. Ela começa a andar pelo quarto e avista o guarda roupas.

LEANDRA 一 O que temos aqui?

Leandra tira de dentro um vestido azul e vai até o espelho. Sorri.

= = CORTE DESCONTÍNUO = =

Leandra retorna, usando o vestido. Ela o afaga. Pega um batom vermelho e passa frente ao espelho. CAM. A porta atrás se abre, adentra Jade, olhando-a de cima a baixo.

JADE 一 (raivoso) Tira já o vestido da minha mãe! Tira agora!

Leandra a olha, indiferente.

LEANDRA 一 Ah, então é da defunta? Até que ela tinha bom gosto.

JADE 一 Cala a boca, sua cobra! Tira o vestido. Você não tem esse direito!

Leandra ri, sarcástica.

LEANDRA 一 (provoca) Não tiro.

Ela passa por Jade.

LEANDRA 一 (debocha) Não vou tirar.

JADE 一 (decidida) Vai tirar, vai tirar, sim!

Jade agarra os cabelos de Leandra. Ela se afoba.

LEANDRA一 Ai, me solta!

Jade puxa o vestido, que se rasga, e joga Leandra no chão, que grita.

JADE 一 Você quem pediu!

LEANDRA 一 Fedelha maldita. Eu vou acabar com você.

JADE 一 Vem, Leandra, mas vem com vontade! Vem!

As duas se encaram.

06 INT. QUARTINHO- NOITE.

Ricardo se encontra apenas de cueca deitado na cama, enquanto um amigo seu está procurado algo.

ÁLVARO 一 Quer dizer que você encontrou uma mina de ouro.

RICARDO 一 Encontrei. Presa fácil. Vem de uma família tradicional de São Paulo.

ÁLVARO 一 Como tem tanta certeza de que vai conquistar essa tal Mel?

RICARDO 一 Fiz o meu dever de casa, rapaz, tá de bobeira? Ela é gordinha, tem auto estima baixa… Daí eu vou chegando, conquistando meu espaço… Mas eu não vou ficar com aquela garota. Sou areia demais pro caminhãozinho dela. Meu plano é chegar na irmã dela, Laís. Patricinha. Linda, loura. Tudo que a irmã não é. Daí depois é só casar e eu tô com a vida ganha. Nunca mais vou precisar fazer programa pra ganhar uma mixaria.

ÁLVARO 一 Sei não. Pode dar errado, já pensou nisso?

RICARDO 一 Não vai dar. Eu vou conseguir. Não ligo para um casamento sem amor, isso não existe. Mas eu exijo, eu mereço conforto.

Ricardo ri, maquiavélico e pensativo.

07 EXT. ESTRADA — NOITE.

Miguel está na estrada dirigindo atentamente. O teto do carro se abre. Ele olha para cima.

Trovão. Se olha pelo espelho, bravo.

Se apressa mais.

08 INT. CASA DE JULIANO, COZINHA — NOITE.

Juliano prepara a mamadeira de Toni. Ele põe um pouco na mão pra checar a temperatura e balança em seguida.

JULIANO 一 Tá na hora de comer, Tonão… Tá com fome, meu amor?

Juliano desliga o fogão, Caminha um pouco pelo minúsculo aposento até a cama, no outro cômodo da casa, onde Toni se encontra embalado na cama. Sorrindo, ele toca no rosto do bebê.

JULIANO 一 Toni, meu Deus, você tá queimando em febre. Toni…

Ele nota algo.

JULIANO 一 (Nervoso) Toni, Toni, você não tá respirando. Toni… Meu Deus, Meu Deus, Toni, Toni…

Sem hesitar, Juliano agarra Toni, desesperado.

09 EXT. RUA — NOITE.

Juliano acaba de sair de casa, com Toni nos braços, segurando um guarda-chuva. CAM.

Ele olha para os lados, assustado.

JULIANO 一 (sussurra) Alguém me ajuda… Pelo amor de Deus. (Grita) ALGUÉM PODE ME AJUDAR, POR FAVOR!

CAM. Sai correndo com a criança nos braços, gritando para os carros. Ele atravessa a pista, se colocando no meio dos carros. CAM acompanha os seus movimentos. Muitas buzinas. Confusão na tela. Juliano fica atordoado e um carro quase o atropela, mas para a tempo.

POV. Ele olha pelo vidro do para brisa. Revela Miguel, assustado. Juliano, ofegante, pede.

JULIANO 一 Me ajuda, me ajuda por favor… Ele não está conseguindo respirar. Ele… acho que ele morreu.

Miguel olha para a criança.

MIGUEL 一 Eu tô atrasado.

Sua voz ecoa. Momentos em Câmera Lenta entre o desespero de Juliano, já cansado e vacilante, e a frieza de Miguel. VOLTA. Miguel arranca com o carro, mas Juliano, estrondosamente, se joga na frente, impedindo a passagem. Miguel pisa no freio rapidamente. Juliano joga o guarda-chuva no capô do carro, revoltado, depois chora.

JULIANO 一 (rouco) Por favor! Eu tô te implorando, por favor!

Juliano respira ofegante.

SONOPLASTIA: The Goodbye Boy — Rodolpho Rebuzzi (instrumental).

A chuva começa a cair.

Miguel continua atônito, olhando para Juliano e o bebê.

A cena congela.

Fim do capítulo.

OBRA REGISTRADA E PROTEGIDA PELA LEI N° 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO, DE 1998. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.


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