Feridas do Passado | Capítulo 10
- Estúdio Webs
- 6 de jan. de 2023
- 8 min de leitura
Atualizado: 29 de out. de 2023

De Wesley Franco
“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.
Cena 1. Salvador / Palácio do Governador / Noite.
Felipe está todo arrumado para sair à noite aproveitando a viagem da esposa.
FELIPE – Como estou Conceição? Bonito, gato, gostoso? – diz Felipe sorridente arrumando os cabelos enquanto desce as escadas.
CONCEIÇÃO – Você está lindo seu Felipe, um verdadeiro galã.
FELIPE – Obrigado, obrigado. Eu vou dar uma saidinha, aproveitar que a Soraya está bem longe.
CONCEIÇÃO – Aproveita seu Felipe porque aquela ali é pior do que carrapato quando gruda não solta mais, com todo respeito.
FELIPE – Não precisa se preocupar com isso eu conheço bem a minha esposa, vou indo Conceição. – Diz Felipe indo em direção a porta, quando ela abre a porta para sair dar de cara com Soraya chegando.
SORAYA – SURPRESA! Olha só quem está de volta? – diz Soraya entrando e empurrando Felipe para dentro.
FELIPE – Soraya? Você voltou? – diz Felipe assustado com o retorno repentino de sua esposa.
SORAYA – Não está me vendo aqui Felipinho? Eu voltei. – diz Soraya sorridente.
SORAYA – E para onde você ia todo arrumado e cheiroso deste jeito?
FELIPE – Resolvi jantar fora hoje marquei com um colega e estava indo.
SORAYA – Ah, mas vai ser um prazer acompanha-lo só espera um pouquinho que irei trocar de roupa e já volto. – Soraya sobe para o quarto para se trocar.
CONCEIÇÃO – Eu não disse seu Felipe essa daí quando gruda não solta mais.
Cena 2. Salvador / Vila de classe média / Rua / Dia.
Maitê sofre preconceito por parte de LORENA – .
Maitê, Joseph e Luan se divertem brincando de pega-pega pela rua.
JOSEPH – Peguei! Agora está com você Luan. – diz Joseph pegando no braço de Luan e correndo.
LUAN – Ah, eu te pego. – diz Luan correndo atrás de Joseph e Maitê.
MAITÊ – Ninguém me pega, lalalalala! – diz Maitê enquanto corre pelas ruas da vila.
Luan corre para tenta pegar Maitê e Joseph mas não consegue.
LUAN – Ah, cansei não quero mais brincar disso vamos brincar de outra coisa.
MAITÊ (Ofegante): Eu também estou cansada.
JOSEPH – Podemos brincar de banco imobiliário, o que acham?
MAITÊ – Boa ideia.
LUAN – Eu sou o banqueiro!
LORENA – aparece para acabar com a alegria das crianças.
LORENA – (Irritada): O que você está fazendo aqui com essa menina Joseph?
JOSEPH – Estávamos brincando de pega-pega e agora vamos jogar banco imobiliário.
LORENA – (Grita): Eu já não lhe disse que não quero ver você brincando com essa aidética? Vamos para casa agora.
JOSEPH – Mas ela é minha amiga.
LORENA – : (Grita) Não interessa! – Ela pega Joseph pelo braço e segura fortemente e olha nos seus olhos -. Não quero ver você brincando com uma menina que tem AIDS, ela é contagiosa e eu prefiro ter um filho morto a ter um filho com AIDS. Vamos para casa. – LORENA – puxa Joseph para casa.
LORENA – : E quanto a você Luan, irei avisar a sua mãe que você anda brincando com essa ai. – LORENA – vai para casa com Joseph.
LUAN – Tenho que ir Maitê. – Luan corre para casa.
Maitê chora e corre para casa.
Cena 3. Rio de Janeiro / Barra da Tijuca / Mansão de Juraci e Milena / Quarto de Milena e Juraci / Dia.
Caíque conta para Milena que já sabe de tudo.
Caíque entra dentro do quarto de Milena e encontra ela deitada na cama, ela se espanta com a chegada de Caíque.
MILENA – O que você quer aqui? Me deixa sozinha com a minha dor.
CAÍQUE – As suas dores ainda estão começando Milena!
MILENA – Do que você está falando?
CAÍQUE – Eu já sei de tudo, já sei que o Victor não foi adotado e sim roubado dos braços da mãe após nascer.
MILENA – Você está blefando não sabe o que diz. – diz Milena se levantando na cama e ficando frente a frente com Caíque.
CAÍQUE – Acho que não, o meu pai deixou uma carta relevando tudo para o Victor, e quando essa carta chegar nas mãos dele, ele com certeza nunca mais vai olhar na sua casa, ele vai te odiar para sempre.
MILENA – Quanto você quer para me dar esta carta e nunca mais falar nesse assunto?
CAÍQUE – Eu quero essa casa, o carro, o dinheiro, suas joias, eu quero tudo.
MILENA – Você está louco? Eu não posso ficar sem nenhum centavo.
CAÍQUE – A casa você pode ficar morando, em relação ao dinheiro o Victor não vai lhe desamparar. Essa é minha proposta ou tudo ou nada!
MILENA – Assim que for feita a leitura do testamento, eu passo tudo para você mas você terá que me devolver a carta.
CAÍQUE – Assim que eu tiver tudo no meu nome, você terá a carta. (Caíque sorrir).
Cena 4. Rio de Janeiro / Leblon / Apartamento de Maria Clara / Sala / Dia.
Victor e Maria Clara começam a se aproximar.
VICTOR – Eu não sei como lhe agradecer por me receber na sua casa, eu não podia voltar para casa.
MARIA CLARA – Não se preocupe depois de tudo que você me contou, lhe entendo e também não voltaria nunca mais para lá.
VICTOR – Assim que eu me recuperar totalmente da cirurgia, irei recomeçar a minha vida, e abrir um escritório de arquitetura.
MARIA CLARA – Me mudei para o Rio de Janeiro com esse propósito, já fui até ver uns imóveis para ser a sede do escritório.
VICTOR – Podemos virar sócios, o que acha?
MARIA CLARA – É uma ótima ideia, assim podemos dividir custos e não vai ficar tão caro.
VICTOR – Mal nós conhecemos e já nós dermos muito bem, isso é um bom sinal. (Victor sorrir).
MARIA CLARA – Verdade. (Sorrir). Vamos assistir um filme? – Maria Clara liga a TV que sincroniza em um noticiário.
NOTICIÁRIO – No fim da tarde de ontem, foi enterrado no cemitério central o corpo do empresário Juraci Albuquerque que morreu ontem no hospital geral vítima de infarto.
VICTOR (Espantado): É o meu pai! O meu pai está morto.
Cena 5. Senhor do Bomfim – Interior da Bahia / Casa de Carol e Diego / Dia.
Feliciano fica desconfiado das hematomas de Carol.
CAROL – Que bom te ver aqui pai, qual o motivo da sua visita? – Diz Carol servindo um café para seu pai.
FELICIANO – Você não tem ido me ver e nem ver a sua mãe, então resolvi te procurar para saber o que estava acontecendo.
CAROL – Ando muito atarefada, mas outro dia eu encontrei a mãe na feira e a gente conversou um pouco.
FELICIANO – Como está minha neta? E o Diego tem lhe tratado bem?
CAROL – A Carol está bem está pensando até em se mudar para Salvador. O Diego tem me tratando bem sim do jeito dele. – Diz Carol se levantando e indo em direção a cozinha.
FELICIANO – Que hematomas são esses nas suas costas minha filha?
CAROL (Assustada): Hematomas?
FELICIANO – Sim suas costas está toda marcada.
CAROL – Devo ter me batido em algum lugar, não deve ser nada demais. Quer broa de milho? Fiz ontem à noite. – diz Carol tentando desconversar.
FELICIANO (Meio desconfiado): Vou aceitar e se tiver uma goiabada ainda é melhor.
Cena 6: Rio de Janeiro / Cemitério / Dia.
Victor visita o túmulo do pai.
Victor e Maria Clara estão diante do túmulo de Juraci.
VICTOR (Emocionado): Ele pode não ter sido meu pai verdadeiro mas foi o melhor pai do mundo, ele cuidou de mim, me amou, me deu carinho, e eu o amo muito.
MARIA CLARA – Você vai superar essa perda, e eu estarei aqui do seu lado.
Victor e Maria Clara se aproximam e olham profundamente um nos olhos do outro.
VICTOR – Obrigado por está comigo neste momento.
MARIA CLARA – Não tem o que me agradecer. (Sorrir).
Os dois se aproximam ainda mais e se beijam.
Cena 7: Rio de Janeiro / Porto / Dia.
Alex leva Raul e Glória para um passeio de iate pela baia de Guanabara.
ALEX – Hoje nós vamos fazer um delicioso passeio de iate.
GLÓRIA – Que maravilha, sabe faz anos que não ando de iate, lembra meu amor quando fazíamos aqueles passeio por Angra dos Reis?
RAUL – E como não lembrar destes momentos tão maravilhosos, e tudo era regado com bastante champanhe.
ALEX – Pois não se preocupe vovô eu mandei trazer garrafas de champanhe, canapês, patês, tudo que vocês tem direito.
RAUL – Ah que ótimo.
GLÓRIA – E iremos passear por onde meu neto?
ALEX – Pela Baia de Guanabara, ela está um pouco poluída mas ainda é um lugar lindo.
Alex, Glória e Raul entram no iate e fazem um lindo passeio por toda a Baia de Guanabara. Ao som da música “Wave – Tom Jobim”.
Cena 8. Rio de Janeiro / Baía de Guanabara.
DIAS DEPOIS
Cena 9. Rio de Janeiro / Barra da Tijuca / Mansão de Juraci e Milena / Escritório / Tarde.
O testamento de Juraci é aberto.
ADVOGADO – Eu não posso iniciar a leitura do testamento sem a presença de todos os interessados.
MILENA – Só estamos aguardando o meu filho, o Victor mas ele já deve estar chegando.
VICTOR – Não precisam mais me esperar, já estou aqui. – diz Victor entrando no escritório.
MILENA – Meu filho que bom que você veio. – diz Milena indo em direção a Victor para abraça-lo porém ele desvia.
VICTOR – Não dirija a palavra a mim Milena, eu só estou aqui por causa do meu pai. – diz Victor se sentando para ouvir o advogado.
MILENA (Triste): Mas filho…
CAÍQUE – A senhora não percebe que ele não está nem um pouco a fim de ouvir a sua voz, o que importa para ele neste momento é saber o que o papai deixou de herança para ele.
VICTOR – Engano seu Caíque, diferente de você eu não ligo a mínima se vou ganhar alguma coisa ou não.
CAÍQUE (Debocha): Ah sim, santinho do pau oco.
ADVOGADO – Por favor vamos ouvir o que o escrivão tem a dizer.
CAÍQUE – Exatamente quanto mais rápido começarmos melhor.
O escrivão pega o envelope lacrado que está em cima da mesa e começa abri-lo para realizar a leitura.
ESCRIVÃO – Bem, agora faremos a leitura do testamento elaborada pelo Sr. Juraci Castro Olivas.
ESCRIVÃO – Aos 25 de julho do recorrente ano, eu Juraci Castro Albuquerque em pleno uso das minhas faculdades mentais deixo aqui registrado o meu último desejo. Nos últimos anos a minha fortuna foi sendo arruinada e acabei corroendo todo o meu patrimônio, ficou a salvo o imóvel da empresa e tudo que nela está que deixarei para o meu filho Victor Albuquerque, todos os meus carros deixo para o meu filho Caíque Albuquerque, a mansão na Barra da Tijuca onde morei com a minha família por todos esses anos deixo para minha esposa Milena Albuquerque, na minha conta bancária deixo um valor estimado em R$ 750.000,00 que deverá ser dividido igualmente entre meus filhos e minha esposa. Que seja feito o meu último desejo.
ADVOGADO – Alguém é contra ao desejos expressos neste testamento?
CAÍQUE – De maneira alguma.
MILENA – Não se essa foi a última vontade do meu marido, assim será.
CAÍQUE – O intruso não vai falar nada?
VICTOR – Não tenho nada a reclamar, na verdade eu nem merecia este imóvel e nem o dinheiro já que sou um adotado.
MILENA – Não fala assim filho, você é um Albuquerque.
VICTOR – NÃO SOU! NÃO SOU UM ALBUQUERQUE! – diz Victor exaltado e saindo do escritório e indo para o seu quarto.
Cena 10. Rio de Janeiro / Barra da Tijuca / Mansão de Juraci e Milena / Quarto de Victor / Tarde.
Milena tenta impedir que Victor vá embora da mansão.
MILENA – O que você está fazendo filho?
VICTOR – Estou arrumando as minhas roupas, irei embora desta casa ainda hoje. – diz Victor colocando as roupas dentro da Mala que está em cima de sua cama.
MILENA – Você não pode me deixar neste momento tão difícil, o seu pai não está mais aqui e eu preciso de você, preciso muito de você neste momento.
VICTOR – O Juraci não era o meu pai e você não é minha mãe, você não entende de como está a minha cabeça neste momento, você mentiu para mim uma vida inteira, eu vivi uma mentira.
MILENA – Eu mentir eu sei, eu errei mas eu te amo e isso que é importante, me perdoa meu filho me perdoa. – diz Milena chorando e se ajoelhando aos pés de Victor.
VICTOR – Me conta toda a minha história antes de eu vim parar aqui, me conta tudo e quem sabe eu posso lhe perdoar.
MILENA – Eu não posso lhe contar,
Congelamento no rosto de Victor.
Fim do capítulo.
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