Feridas do Passado | Capítulo 11
- Estúdio Webs
- 6 de jan. de 2023
- 7 min de leitura
Atualizado: 29 de out. de 2023

De Wesley Franco
“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.
CENA 1. CONTINUAÇÃO DA CENA FINAL DO CAPÍTULO ANTERIOR.
VICTOR – Se ponha no meu lugar, vivi todos esses anos achando que eu tinha uma família e agora simplesmente descubro que não, você não é a minha mãe biológica e o Juraci não é o meu pai biológico, como você se sentiria se fosse você?
MILENA – (Chora) Me desculpa meu filho, eu não podia lhe contar a verdade, o importante é que você teve todo meu carinho e todo meu amor, não me deixe aqui neste momento.
VICTOR – Mãe, me conta de onde eu vim, me conta quem sou eu, e assim eu vou poder voltar a confiar em você.
MILENA – (Chora) Não posso lhe contar a verdade, você jamais me perdoaria.
VICTOR – Então me deixa eu ir embora e seguir o meu caminho, vai ser melhor assim.
Victor fecha a mala e sai do quarto.
MILENA – Não vá embora, fica aqui comigo.
Milena se ajoelha ao chão.
MILENA – Me perdoa, me perdoa.
Milena se deita no chão onde continua a chorar.
CENA 2. RIO DE JANEIRO. MANSÃO DE JURACI E MILENA. HALL DE ENTRADA. TARDE.
Caíque fala com Victor antes dele ir embora.
CAÍQUE – Espera, não vá embora agora preciso falar com você.
VICTOR – Pode dizer estou lhe ouvindo.
CAÍQUE – Quanto você estaria disposto a pagar por uma carta que o papai escreveu antes de morrer contando a história das suas origens?
VICTOR – (Espantado)Como assim? Do que você está falando?
CAÍQUE – O papai escreveu uma carta para você antes de morrer, revelando de onde você veio e como veio parar aqui, porém está carta veio parar nas minhas mãos e para que eu possa entrega-la a você, vai custar um preço.
VICTOR -Quanto você quer?
CAÍQUE – (Sorrindo) Seus 250 mil reais.
VICTOR – Não sei porque ainda me espanto com suas atitudes, você sempre foi um ambicioso, mas tudo bem, esse dinheiro não me pertence ele é todinho seu.
CAÍQUE – Basta assinar essa nota promissória no valor de 250 mil reais e terá a sua carta.
Caíque entrega a nota promissória a Victor.
VICTOR – Agora mesmo!
Victor pega a nota promissória leva até uma pequena mesa, assina e entrega de volta a caíque.
CAÍQUE -Perfeito, faça bom proveito desta carta, agora por favor leia longe daqui não estou afim de ver suas lágrimas.
Caíque entrega a carta a Victor.
VICTOR – Eu lamento que você tenha se tornado esta pessoa que você é Caíque, lamento.
Victor pega a carta e sai da mansão.
CENA 3. RIO DE JANEIRO. APARTAMENTO DE GLÓRIA E RAUL. SALA DE ESTAR / TARDE.
Glória tem lapsos de memória e começa a agir como se estivesse no passado.
GLÓRIA – Hoje teve mais confusão nas ruas, está tudo um caos, um verdadeiro terror.
RAUL -Do que você está falando meu amor.
GLÓRIA – Dos estudantes e dos militares, de quem mais posso está falando? A cavalaria está nas ruas, são tiros para todos os lados, bombas, fecharam mais um jornal que criticou o governo.
RAUL – Do que você está falando meu amor a ditadura já acabou a décadas, éramos tão mais jovens.
GLÓRIA -Está ficando louco Raul? A ditadura começou há quatro anos, estamos em 1968.
RAUL -É sim meu amor, você tem razão.
GLÓRIA – Ah querido não podemos esquecer que amanhã a rainha da Inglaterra visita o Rio de Janeiro não podemos perder este evento, a Cidinha de Campos vai fazer uma festa com toda alta sociedade brasileira e claro não podemos deixar de estar lá.
RAUL – (Preocupado) Estaremos lá, com certeza será um grande evento.
CENA 4. RIO DE JANEIRO. COBERTURA DE WOLF E MARÍLIA. SALA. TARDE.
Wolf comenta com Marília e Alex sobre os lapsos de memória de Glória.
WOLF -Tudo bem então qualquer coisa me liga.
Wolf desligao telefone.
MARÍLIA – Quem era ao telefone meu amor?
WOLF – Era o meu pai.
ALEX -Aconteceu alguma coisa de grave? O senhor está com uma cara.
WOLF – Ele acabou de me dizer que a mamãe está tendo lapsos de memória, agindo como se estivesse em 1968, falando das ruas cheias de estudantes e militares, de fechamentos de jornais, da visita da rainha da Inglaterra, coisas que eles viveram no passado.
MARÍLIA – Isso é normal para idade dela, isso se chama velhice.
ALEX – Não penso desta forma, pode ser algo mais grave.
WOLF – Claro que não, isso deve ser caduquice da mamãe e só aconteceu uma vez não vamos pensar no pior.
CENA 5. SALVADOR. SEDE DO GOVERNO. SALA DE FELIPE. TARDE.
Felipe pergunta para Arlete como anda a procura pelo apartamento.
ARLETE – Amanhã é o dia da inauguração das encostas dos bairros do subúrbio ferroviário, confirmo a sua presença ou peço que vá um representante?
FELIPE – Pode confirmar a minha presença, eu gosto deste tipo de evento é muito gratificante ver o sorriso do povo.
ARLETE -Isso é verdade, nada é mais valioso que um sorriso.
FELIPE -Como andam as coisas na procura pelo apartamento? O Henrique tem se saído um bom corretor?
ARLETE – Até o momento sim, marcamos de nós encontrar amanhã à noite para um jantar e ele vai me amostrar uns imóveis que ele selecionou para que eu possa escolher.
FELIPE -Hum… um jantar…será que esse jantar é somente para tratar do apartamento?
ARLETE – Acredito que sim Sr. Governador, não vai me dizer que o senhor está pensando que eu e o Henrique possamos ter alguma coisa? Imagina fico até envergonhada de o senhor estar pensando isso de mim.
FELIPE -Por favor não me chame de senhor, me chame de você, de Felipe. Você pode até achar estranho, mas eu me preocupo com você, eu só quero o seu bem, mas se você achar que estou me intrometendo demais na sua vida é só falar que paro de imediato.
ARLETE – Claro que não, eu tenho muito que agradecer ao senhor. Ops perdão! A você por ter me apresentado o Henrique que está me ajudando muito nessa minha procura pelo apartamento, e é muito bom saber que tem alguém muito especial que se preocupa comigo, fico muito feliz e bastante grata. – Diz Arlete sorrindo.
Ao ver o sorriso de Arlete, Felipe vê nela o rosto de Vanessa sorrindo.
CENA 6. RIO DE JANEIRO. APARTAMENTO DE MARIA CLARA. NOITE.
Victor chega com suas malas na casa de Maria Clara e é recebido com braços abertos.
VICTOR – Pronto, eu trouxe uma parte das minhas roupas.
MARIA CLARA – Como foi lá?
VICTOR – Ela não quis me contar a história das minhas origens, mas o Caíque me entregou uma carta onde o meu pai revela tudo que aconteceu no meu passado.
MARIA CLARA – E você já leu a carta?
VICTOR -Não tive coragem de ler, eu precisei esperar chegar até aqui e ler junto com você, preciso que me der forças.
MARIA CLARA – Irei te dar toda a força que for necessária.
VICTOR -Obrigado.
Victor abraça Maria Clara.
VICTOR -Vamos ler o que tem nesta carta.
Victor pega a carta e abre.
CENA 7. RIO DE JANEIRO. MANSÃO DE JURACI E MILENA. QUARTO DE MILENA. NOITE.
Caíque pressiona Milena para que ela venda tudo que recebeu da herança de Juraci.
CAÍQUE – (sorrindo sarcasticamente) Oi mamãezinha.
Milena se encontra encostada na janela olhando o lado de fora da mansão.
MILENA – O que você quer Caíque?
CAÍQUE – Um filho não pode mais ser carinhoso com a mãe sem a ter a intenção de pedir alguma coisa?
MILENA – No seu caso não, está na sua cara que você veio aqui para falar algo que com certeza não irá me agradar.
CAÍQUE – Como você está inteligente adivinhou o que eu vim fazer, mas diferente de antes eu não vim pedi eu vim exigir.
MILENA – Exigir o que?
CAÍQUE – Tudo que você recebeu da herança do papai, essa é a minha condição para não entregar a carta.
MILENA – Eu vou lhe dar tudo, mas preciso de algum dinheiro.
CAÍQUE -50 mil reais para você e os duzentos mil reais para mim, acordo feito?
MILENA – Tudo bem, feito.
CAÍQUE – (Sorrir) Amanhã iremos ao cartório e você vai passar tudo para o meu nome.
CENA 8. SALVADOR. CASA DE MAITÊ. SALA. NOITE.
Joseph e Maitê correm pela casa, mas Maitê sente uma falta de ar.
JOSEPH – Eu aposto que você não me alcança.
Joseph corre pela casa.
MAITÊ – Pois eu aposto que alcanço.
Maitê começa a correr atrás de Joseph e os dois correm pela casa, até que Maitê para e começa a sentir falta de ar.
JOSEPH – Está sentindo alguma coisa?
MAITÊ – (Tentando respirar) Falta de ar.
JOSEPH – (Grita) Seu Otávio, seu Otávio. – diz Joseph bem alto.
Otávio desce as escadas.
OTÁVIO – O que houve?
JOSEPH –A Maitê está com falta de ar.
OTÁVIO -Está muito forte filha?
Otávio segura os braços da filha.
MAITÊ -Sim.
OTÁVIO -Vamos para o hospital.
Otávio pega Maitê no colo e leva para fora de casa.
RUA DA CASA DE MAITÊ.
Otávio coloca Maitê dentro do carro.
JOSEPH – (Preocupado) Ela vai ficar bem?
OTÁVIO – Vai ficar bem sim Joseph não se preocupe, agora vai para casa quando ela chegar eu dou notícias.
Joseph vai até o carro e fala com Maitê.
JOSEPH – Você vai ficar bem, promete?
Maitê não consegue responder, o pai dela liga o carro e segue as pressas para o hospital.
CENA 9. SENHOR DO BONFIM. BAR. NOITE.
Feliciano encontra Diego no bar e conversa sobre sua filha.
DIEGO – Seu Feliciano o senhor por aqui.
Diego está sentado em uma das mesas do bar e levanta o copo de cachaça como forma de cumprimento.
FELICIANO -Eu estava mesmo precisando falar com você.
DIEGO – Pois fale cá estou eu para lhe ouvir.
FELICIANO -Fui visitar a minha filha e ela anda muito estranha, parece estar infeliz e eu vi umas marcas nas costas que não me deixaram nada feliz.
DIEGO -Ela falou algo?
FELICIANO -Não, mas estava na cara dela que algo de ruim está acontecendo e aquelas marcas.
DIEGO -São coisas bobas não tem do que se preocupar a sua filha é muito bem tratada.
FELICIANO – Assim espero Diego, não sou cego e sei muito bem o que pode está acontecendo, mas espero que eu esteja errado.
Feliciano bebe
um gole da cachaça de Diego e em seguida se levanta e sai do bar.
DIEGO – Quando eu chegar em casa a Carol vai ganhar um grande presente que ela não vai se esquecer jamais.
Congelamento do rosto de Diego.
Fim do capítulo.
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