Feridas do Passado | Capítulo 12

De Wesley Franco

“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.

CENA 1. RIO DE JANEIRO. APARTAMENTO DE MARIA CLARA. NOITE.

Victor fica atordoado com o que acaba de ler.

VICTOR – (Abalado) Eu não posso acreditar no conteúdo desta carta, é terrível.

MARIA CLARA -Eu sei que é difícil, mas é a verdade, infelizmente foi isso que aconteceu, você tem que aceitar e superar.

VICTOR – Minha mãe que me criou, me sequestrou, me tirou dos braços da minha mãe verdadeira, eu fui vendido por uma enfermeira, como posso superar isso?

MARIA CLARA – Você vai conseguir superar isso, eu tenho certeza, e de qualquer forma eu estarei aqui do seu lado para o que você precisar.

VICTOR -Muito obrigado.

Victor abraça Maria Clara que não permite o abraço.

MARIA CLARA – (Sorrir) eu não sei se é muito cedo para dizer isso, mas eu te amo.

VICTOR – (Sorrir) Não, não é muito cedo pois eu também sinto a mesma coisa.

Os dois se aproximam ficando cada vez mais próximos e se beijam.

CENA 2: SALVADOR. CASA DE JOSEPH. NOITE.

Joseph fica na janela esperando que Maitê chegue do hospital

LORENA – O que tanto você fica olhando nessa janela garoto?

JOSEPH -Estou esperando uma pessoa.

Joseph olha pela janela.

LORENA – (Desconfiada)E quem é essa pessoa?

JOSEPH – (Nervoso) É …

LORENA – (Irritada) Fala logo garoto!

JOSEPH – É um amigo meu que a gente brinca todo dia, ele passou mal e foi levado até o hospital, estou esperando para ver se ele está bem.

LORENA -Sai desta janela agora e vai para o seu quarto!

JOSEPH – Mas mãe ….

LORENA – Mas nada! Anda, anda, anda, anda, só me sai de lá quando eu mandar.

CENA 3: SALVADOR. PALÁCIO DO GOVERNADOR. QUARTO / NOITE.

Soraya insiste para que Felipe a leve para jantar.

FELIPE – Boa noite meu amor.

Felipe beija a bochecha de Soraya que se encontra em frente ao espelho se maquiando.

SORAYA – Boa noite querido, já estou pronta.

FELIPE – Pronta para que?

SORAYA – Para sairmos para jantar.

FELIPE – Soraya, estou muito cansado, trabalhei o dia todo, não estou com vontade de sair.

SORAYA – Mas você vai Felipe Lontra, já faz bastante tempo que não saímos mais juntos.

FELIPE – Amanhã a gente sai para jantar tudo bem?

Felipe tira sua gravata.

SORAYA – Não, vamos sair hoje! Eu vou insistir até você vim comigo e você me conhece quando eu quero uma coisa eu consigo.

FELIPE -(Alterado)Eu já falei que estou cansado Soraya e não insista!

SORAYA -É sempre assim Felipe, tudo da maneira que você quer, mas tudo bem você não quer sair, ótimo.

Soraya vai em direção a mesinha do quarto e derrubando tudo que está nela no chão e em seguida derrubando o abajur. Soraya começa a quebrar tudo dentro do quarto.

FELIPE – (Assustado)Você está louca Soraya?

SORAYA – Louca não, louquíssima!

Soraya continua destruindo todo o quarto.

FELIPE – Para com isso, para com isso Soraya.

Felipe segura Soraya para que ela se acalme.

SORAYA – Você pediu isso Felipe Lontra, eu não aguento mais ficar presa dentro desta casa, ou você sai para jantar comigo agora ou eu acabo com tudo aqui.

FELIPE – Você venceu! Vamos sair para jantar.

Felipe solta Soraya e a empurra pro lado.

FELIPE – Eu já estou farto de você! Farto! O maior erro da minha vida foi ter me casado com você, foi a maior maldição que um homem podia ter recebido.

SORAYA -Você se casou porque quis, porque queria status, porque queria carreira política, porque queria mais dinheiro, e só eu podia lhe proporcionar isso, você sempre foi um interesseiro, um egoísta, preferiu o seu bem-estar e abandonou o amor da sua vida.

FELIPE – (Grita) Cala a sua boca!

SORAYA – Não me mande calar a boca, pois eu não sou uma qualquer. Você é um bosta Felipe Lontra, é isso que você se resume, a uma bosta.

FELIPE – Eu vou tomar um banho para sairmos, mas quero que saiba que nosso casamento já acabou, só estamos vivendo de aparência.

SORAYA -Só vai acabar quando eu quiser que acabe, pois se você pedir o divórcio eu destruo a sua vida assim como a destruir a quase trinta anos atrás.

CENA 4. SENHOR DO BOMFIM. CASA DE DIEGO. QUARTO DE DIEGO E CAROL. NOITE.

Carol é espancada por Diego.

CAROL -Que susto! Não ouvir barulho de você entrando no quarto.

Carol sai do banheiro enrolada na toalha.

DIEGO -Cheguei de fininho quis fazer uma surpresa para você.

CAROL -Surpresa? Que surpresa?

DIEGO -Já, já você vai ver. Onde está a Arlete?

CAROL – Ela ligou vai ficar hospedada em um hotel por lá hoje, ela precisou resolver umas coisas.

DIEGO – (Sorrindo) Que ótimo assim a surpresa vai ficar mais divertida.

Carol ver um remo em cima da cama ao lado de Diogo e uma arma em cima do criado mudo, ela fica assustada e vai em direção da porta e tenta abri-la, mas percebe que está trancada.

DIEGO – A chave está aqui na minha mão.

CAROL – (Assustada) Você está me assustando Diego, o que você vai fazer?

Diego vai até a cama pega o remo e mostra para Carol, ele começa a balançar o remo simulando como se tivesse batendo em alguém.

CAROL -(Assustada)Não Diego, não, por favor não.

DIEGO – Você foi contar para seu pai o que estava acontecendo com você aqui, aquelas briguinhas de casal.

CAROL – (Trêmula)Não, não, eu não contei nada, ele apenas me viu triste porque eu falei que a Arlete ia se mudar e ele também viu as marcas nas minhas costas, mas eu não falei nada.

DIEGO – (Alterado) Ah foi mesmo? Não foi o que me pareceu quando eu encontrei seu pai hoje.

CAROL – Por favor abre a porta, vamos parar com isso, deixa eu colocar seu jantar já está ficando tarde.

Diego liga o som que começa a tocar uma música bem alta.

CAROL – Abre essa porta, abre!

Carol começa a pegar vários objetos do quarto e dispara contra Diego.

DIEGO -Eu só o quero dar um presente, nada mais que isso, calma.

CAROL – (Alterada)Abre essa porta!

Diego parte para cima de Carol, ela corre para o outro lado e deixa a toalha cair ficando nua, ela tenta pegar a toalha de volta, mas quando ela coloca a mão na toalha Diego pisa em seu pé, ela olha assustada para ele.

DIEGO – (Grita)Deita na cama!

Carol corre e se deita de bruços na cama.

Diego parte para cima de Carol que aos gritos começa a ser espancada com um remo por Diego.

Carol grita e chora enquanto é agredida por Diego com um remo.

CENA 5: RIO DE JANEIRO. APARTAMENTO DE GLÓRIA E RAUL. SALA DE ESTAR. NOITE.

Wolf, Marília e Alex chegam no apartamento de Glória e Raul.

RAUL -Alguma notícia?

WOLF -Não a encontramos em lugar algum, mas já acionamos a polícia.

RAUL -(Chorando) Se acontecer alguma coisa com a Glória eu não vou me perdoar jamais.

ALEX -Não se culpe vô, a vó Glória vai aparecer, me conta o que aconteceu?

RAUL – Não aconteceu nada,depois do almoço ela foi dar uma volta no calçadão como sempre faz e não voltou mais.

ALEX – Pai será que esse desaparecimento repentino da vó tem relação com os lapsos de memória que ela estava tendo?

WOLF -Você pode ter razão, mas eu não consigo pensar em nada agora.

MARÍLIA -Acho que o melhor que podemos fazer agora é descansar, amanhã continuamos a procura.

ALEX – Eu vou ficar aqui com o vovô e vocês dois podem ir. –

Alex abraça Raul que continua chorando.

CENA 6: SALVADOR. RESTAURANTE. NOITE.

Henrique e Arlete jantam e ele amostra alguns imóveis para ela.

ARLETE – (Sorrir)O jantar estava maravilhoso Henrique.

HENRIQUE – Esse restaurante é ótimo sempre que posso venho até ele.

ARLETE -Agora você pode me amostrar os imóveis que se enquadram nos meus desejos?

HENRIQUE – Sim, eu fiz uma seleção com cinco apartamento e tenho certeza que vai gostar.

Henrique pega seu Ipad e se sentando próximo a Arlete para que ela possa visualizar.

HENRIQUE -Este aqui fica no Campo Grande possui 3 quartos sendo um deles suíte, mais um banheiro, cozinha, sala, varanda e área de serviço, o valor do aluguel está em R$ 2200.

Soraya e Felipe chegam ao restaurante e cumprimentam Arlete e Henrique.

FELIPE – Que coincidência vocês por aqui.

HENRIQUE – Acabamos de jantar, estou amostrando uns apartamentos para a Arlete, querem se sentar?

FELIPE – Não, não obrigado, meu amor esta é a Arlete minha fiel secretária.

SORAYA – (Sorridente) É um prazer Arlete e este vestido é maravilhoso, alta costura?

ARLETE -É um prazer conhece-la, e não, não é de alta costura.

SORAYA – Devia ter imaginado, afinal com um salário de secretária não deve ser possível comprar este tipo de roupa, se desse eu mesmo virava secretária do meu marido.

FELIPE – (Irritado) Soraya!

SORAYA – Foi só uma brincadeira Felipinho, vamos deixar o casal a sós e vamos para a nossa mesa.

FELIPE – Eles não são um casal, o Henrique está apenas amostrando uns imóveis para a Arlete que tem interesse em alugar um.

HENRIQUE – O Felipe tem razão Soraya, mas quem sabe no futuro eu e a Arlete não nos tornamos um casal.

SORAYA – (Sorrindo)Está vendo aí, fiz papel de cupido.

FELIPE – Vou deixar vocês a sós, vamos Soraya.

Felipe puxa Soraya para outra mesa.

CENA 7: RIO DE JANEIRO. CENTRO. TABELIONATO DE NOTAS / DIA.

Milena passa a Mansão da Barra da Tijuca para o nome de Caíque.

TABELIÃO – Agora é só a senhora assinar aqui e está feita a transferência.

Milena assina o documento.

TABELIÃO – Pronto, o imóvel agora passa a pertencer ao Sr. Caíque.

MILENA – Satisfeito?

CAÍQUE -(Sorrir)Satisfeitíssimo.

CENA 8: RIO DE JANEIRO. ANTIGA EMPRESA DE JURACI. DIA.

Victor leva Maria Clara para conhecer o imóvel que funcionava a empresa de Juraci.

VICTOR -Era aqui que funcionava a empresa do meu pai, foi neste lugar que ele passou grande parte da sua vida.

MARIA CLARA – O lugar é incrível muito bonito e bem localizado.

VICTOR – Você é arquiteta e eu também sou arquiteto, o que acha de virarmos sócios e abrirmos um escritório aqui?

MARIA CLARA – Você está falando sério?

VICTOR -(Sorrir) Sim.

MARIA CLARA – (Sorrindo)é claro que eu quero, isso vai ser maravilhoso.

VICTOR -Vamos pensar em uma reforma para o local e cuidar da burocracia para abertura do escritório.

MARIA CLARA – Eu fico com a reforma do imóvel e você cuida da parte burocrática, o que acha?

VICTOR – Espertinha, quer me deixar com a parte mais chata.

MARIA CLARA – Imagina, claro que não.

VICTOR – Tudo bem, mas só porque você é uma gata.

Victor se aproxima de Maria Clara agarrando-a e a beijando-a.

CENA 9: RIO DE JANEIRO. MANSÃO DE JURACI E MILEN. HALL DE ENTRADA. DIA.

Milena é expulsa de casa.

MILENA – Aqui está o cheque com o valor das joias que vendi e sua parte referente ao que o Juraci me deixou.

Milena entrega o cheque a Caíque.

CAÍQUE – Maravilhoso, agora já tenho a casa e o dinheiro não me falta mais nada.

MILENA – Minha parte do acordo foi cumprida, agora faça a sua e me entregue a carta.

CAÍQUE – Eu lamento, mas infelizmente a carta já foi vendida.

MILENA – (Assustada) Vendida a quem?

CAÍQUE – Ao Victor, a esta altura ela já sabe de tudo, já sabe que você é uma sequestradora de crianças!

MILENA -Você é um maldito, não tinha o direito de entregar aquela carta a ele, você me enganou, eu quero o meu dinheiro de volta.

CAÍQUE- Você não vai ter nada de volta, isso é o mínimo que você merece por tudo que você me fez passar na vida.

MILENA – Você vai pagar caro por isso, eu vou fazer da sua vida um inferno.

CAÍQUE – Mas não vai mesmo, esse prazer eu não irei lhe dar. Fora da minha casa! Fora daqui!

MILENA – Francamente, Caíque, não vou me dar ao trabalho de pensar que você imaginou que eu ia sair desta casa.

CAÍQUE – Eu não aguento mais lhe ver na minha frente, eu quero você fora da minha casa, saia!

MILENA – Não é assim que as coisas funcionam, esta casa é minha, era do meu marido e se ele morreu agora é minha.

CAÍQUE – Não me faça perder a paciência e lhe chutar para fora daqui, junte o que lhe resta de dignidade e saia desta casa com seus próprios pés.

MILENA – Você ficou louco? Você está achando que eu vou sair da minha casa?

CAÍQUE -Estou lhe dando uma oportunidade de sair com seus próprios pés, mas não abuse da minha paciência, pois sou capaz de cometer uma loucura, saia da minha casa, se não…

MILENA – Se não o que? Se eu não sair daqui o que é que você vai fazer? Depois de tantos anos te aturando nesta casa, um filho que nunca gostei, mas tive que suportar debaixo deste teto durante todos esses anos, você é um nada, um covarde, um molenga, um merda, fracassado.

Congelamento no rosto de Milena.

Fim do capítulo.